PSB quer Ciro fora do governo até dia 31

Mar 08 2006
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Valor EconômicoValor Econômico – 8/3/2006
PSB quer Ciro fora do governo até dia 31

Maria Lúcia Delgado De Brasília

A reviravolta provocada pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de manter a regra da verticalização para a eleição deste ano levou o PSB a recomendar ontem ao ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) que se desincompatibilize do cargo até 31 de março e prepare-se para qualquer missão partidária. Segundo dirigentes do PSB, Ciro pode concorrer "de síndico a presidente da República".

A Executiva Nacional do PSB fez ontem uma reunião que durou seis horas. A direção da legenda também decidiu divulgar, na próxima semana, um documento enumerando à sociedade as diretrizes programáticas, visão de conjunturas política e econômica. Trata-se da Carta do PSB ao povo brasileiro, uma clara resposta ao PT.

Foi do presidente nacional do PSB, ex-ministro Eduardo Campos, a idéia de unificar as três legendas – PT, PC do B e PSB – em torno de um pacto pelo crescimento por meio da chamada Carta ao Povo Brasileiro 2. Lula assimilou a idéia, que se transformaria numa promessa de campanha. O PT, por sua vez, começou a criar empecilhos. Os petistas já analisam internamente um documento preparado pelo assessor especial de Lula, Marco Aurélio Garcia, intitulado "O Primeiro Ano do Segundo Mandato", com propostas de mudança de política econômica, como redução drástica de juros e das metas de superávit e rejeição explícita à proposta de déficit nominal zero. Gerou ainda celeuma o fato de o ex-ministro Tarso Genro ter iniciado um esboço de carta em moldes que incomodaram Lula.

Com a confusão instalada, o PSB procura, agora, desvincular-se do PT. Pelo menos por enquanto. "Se o Lula pode esticar a corda e só tomar as decisões em junho, nós também podemos", disse um dirigente do PSB. A carta do PSB, explicam os políticos da legenda, servirá de orientação para os candidatos nos Estados e, sobretudo, à presidência. Segundo Beto Albuquerque (PSB-ES), vice-líder do governo na Câmara, o documento vai explicitar claramente o que o PSB pensa da política econômica e de ações do governo Lula.