PSB quer voto aberto

Feb 25 2005
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Correio Braziliense

Correio Braziliense, 25/02/2005

PSB quer voto aberto

 

A decisão de elevar o salário dos parlamentares gerou uma crise entre o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e líderes dos partidos que se posicionaram contra a medida. Todos reagiram à acusação do presidente da Câmara de serem “demagogos”. Eles acusam Cavalcanti de não possuir a isenção exigida pelo cargo e avisam que manterão a pressão para que o projeto não seja votado.

“O presidente tem de comportar como presidente da Casa, como magistrado, para dar conta de dirigir temas tão polêmicos no Congresso”, reclamou o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA). “O presidente Severino precisa ainda se acostumar com as funções que exerce. Parece que ele ainda não entendeu”, rebateu o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP). “Não é demagogia, nem farisaísmo, é uma postura política de quem acredita que não é o momento de discutir um tema que abre um fosso ainda maior entre a Câmara e a população”, reforçou o líder do PPS, Dimas Ramalho (SP).

Para reagir à posição de Cavalcanti, a maioria dos deputados do PT preferiu a negociação. Paulo Rocha avisou que, na próxima semana, tentará convencer Cavalcanti e os demais líderes partidários a não pôr em votação o projeto que reajusta o salário dos deputados. O barulho ficará por conta da esquerda petista. O deputado Chico Alencar (PT-RJ avisou que o Movimento pela Ética na Política vai lançar hoje, no Rio de Janeiro, uma campanha contra o aumento salarial . “Não aceitamos esse jogo baixo de dizer que quem está contra quer o aumento”, reagiu Alencar.

O PSB foi uma das legendas que partiu para uma tática mais agressiva. Considerando que o presidente da Câmara não recuará, o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), anunciou que a bancada do partido já reuniu 52 assinaturas necessárias para pedir a votação nominal do projeto. Pelo procedimento, cada deputado precisa registrar o voto no painel eletrônico. “O aumento é imoral, não é merecido”, atacou Albuquerque.

No caso de aprovação da proposta, o vice-líder avisa que os 17 deputados do PSB já assinaram um documento em que abrem mão do reajuste. É mais uma reação, desta vez a outra declaração de Severino Cavalcanti. Ele avisou que entregará à imprensa a lista de deputados que criticaram o aumento, mas não aceitaram devolvê-lo.

Entre os pefelistas, a decisão foi deixar a questão em aberto. A avaliação é a de que a bancada do PFL na Câmara está dividida em relação ao tema. Para o presidente nacional do partido, César Maia, prefeito do Rio de Janeiro, este é um assunto de “foro íntimo” dos congressistas. “Não é uma questão partidária e sim um problema de cada parlamentar”, justificou Maia.