“Quero ser participante de um projeto de disputa ao governo do RS”

May 07 2007
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O Nacional – Passo Fundo , Deputado federal, Beto Albuquerque

Ana Luisa do Nascimento/ON

Beto Albuquerque é natural de Passo Fundo, nascido em 6 de janeiro de 1963, filho de Telmo Lopes de Albuquerque e Vanir Teresinha Turra de Albuquerque. Tem três filhos, Rafael, Pietro e Nina. É formado em Direito pela Universidade de Passo Fundo, onde iniciou sua militância política presidindo o Diretório Central de Estudantes, em 1986. Dirigiu a Associação Passo-fundense de Defesa do Consumidor, de 1987 a 1990, e a Juventude Franciscana no Estado. Foi membro fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos na região de Passo Fundo.

Em 1990, concorreu pela primeira vez a deputado estadual no Rio Grande do Sul pelo Partido Socialista Brasileiro, tendo sido eleito como o terceiro deputado mais votado pela Frente Popular. Fez 11.806 votos. Reeleito, em 1994, para o segundo mandato na Assembléia Legislativa, com 34.251 votos, sendo, dessa vez, o candidato com maior votação na Frente Popular.

Como deputado estadual, em 1996, recebeu o prêmio Fiergs-ARI, por um Rio Grande maior, destaque em Economia. É de sua autoria o Sistema Legis, que ordenou e informatizou toda a legislação do RS, que se encontra hoje à disposição na rede mundial de computadores.
Em 1997, presidiu a comissão parlamentar de inquérito que investigou o projeto do novo DETRAN e a licitação que pretendia habilitar empresas para a realização da inspeção veicular no estado.

Em 1998, foi eleito deputado federal, com 80.587 votos, tendo sido convidado, posteriormente, pelo governador Olívio Dutra para integrar o seu secretariado. Exerceu o cargo de secretário estadual dos Transportes de janeiro de 1999 até 5 de abril de 2002, quando reassumiu seu mandato na Câmara dos Deputados.

Na eleição de 2002, foi reeleito para mais um mandato na Câmara dos Deputados, atingindo a votação de 126.354 votos. Como parlamentar, atua como membro titular da Comissão de Viação e Transportes. No Congresso Nacional, desde setembro de 2003, coordena a Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro que congrega 67 deputados e quatro senadores. Por convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é vice-líder do governo na Câmara dos Deputados. Em 2005 foi relator do projeto de Gestão de Florestas Públicas (PL 4776/05). De 2003, a 2006, em pesquisa do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, foi apontado como um dos cem parlamentares mais influentes no Congresso Nacional.

No PSB (Partido Socialista Brasileiro), é segundo vice-presidente nacional do partido e vice-presidente do diretório estadual da sigla no Rio Grande do Sul.

Em 2004, Beto Albuquerque disputou a eleição para a prefeitura de Porto Alegre numa coligação do PSB e PSC.

Em outubro de 2006, reelegeu-se para um novo mandato na Câmara dos Deputados com 174.774 votos, 38,32% a mais que na eleição anterior. Atualmente é vice-líder do governo na Câmara dos Deputados.

Desde quinta-feira, o deputado está na região, acompanhando o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Na sexta-feira, Beto e o ministro anunciaram recursos do governo federal para mais 13 núcleos de informática nas escolas municipais. Com isso, através de emenda do deputado, o município soma o montante de R$ 1,2 milhão de recursos federais para o Programa de Inclusão Digital, proporcionando aos 12 mil alunos da rede municipal acesso à informática e internet. ON aproveitou a visita do deputado a Passo Fundo e garantiu uma entrevista exclusiva. Confira.

O Nacional- Proporcionar acesso à informática e internet para mais de 12 mil alunos da rede pública em Passo Fundo são méritos seus. Como foram viabilizados os recursos para implementação do Programa Inclusão Digital aqui no município?

Beto Albuquerque – Como os deputados têm direito a emendas parlamentares, eu tenho me dedicado a alocar no orçamento recursos para o Ministério de Ciência e Tecnologia fazer a inclusão digital. Que inclusive é uma secretaria, criada quando o PSB chegou junto com o governo do presidente Lula nesse ministério. E temos revolucionado muitos segmentos. O que nós assistimos em Soledade com o Centro Tecnológico de Pedras e Gemas de Jóia e o que anunciamos aqui em Passo Fundo nessa sexta-feira (4) é a demonstração concreta do resultado de fazer a ciência e a tecnologia não coisa apenas dos doutores e cientistas, mas ser algo do cidadão e do povo mais pobre, de eles terem acesso ao mundo moderno, poderem se qualificar e enfrentar o mercado de trabalho cada vez mais competitivo. E a internet hoje é uma ferramenta de ensino, pesquisa, cultura de entretenimento e não pode ficar na mão de poucos. O Brasil tem só 15 milhões de pessoas com acesso à internet, e somos um país de 180 milhões de brasileiros. Por isso estamos investindo muito nessa direção. Eu tenho destinado recursos para isso e fico muito feliz de estarmos encerrado uma etapa na qual 100% das escolas municipais terão laboratórios de informática ligados à internet. Também fico feliz, porque nossa administração Dipp/Corralo compreendeu isso. Alocamos os recursos e o ministério fez os investimentos. O telecentro da cidade vai ser, sem dúvida, nenhuma, importante. Eu costumo dizer que esses serão cibercafés populares gratuitos, um lugar oara o cidadão entrar e pagar as contas, fazer pesquisa. A sexta-feira foi um dia memorável, a vinda do ministro coroa de êxito esses investimentos que chegam a R$ 1,2 milhão em dois anos, além do Pólo de Software e o próprio Cefet, que são grandes conquistas que nós também fizemos.

ON – Outra bandeira que o deputado defende arduamente é a questão do trânsito seguro. O que está sendo trabalhado com relação a isso agora?

BA – Nos próximos dias eu vou reinstalar a Frente Parlamentar do Trânsito Seguro que eu coordeno, desde o primeiro mandato. A frente, que atua na Câmara dos Deputados e no Senado, propõe promover o debate sobre esse tema que hoje é uma verdadeira chacina no Brasil. Morrem em decorrência de acidentes de trânsito cem pessoas todos os dias, cerca de 35 mil todos os anos, é a primeira causa de morte de jovens até 19 anos. É algo que, infelizmente, culturalmente, a sociedade parece que se acostumou a ouvir em todos os finais de semana, as estatísticas de morte. São muito divulgados os números de acidentes e mortes ocorridos em feriados e finais de semana e me parece que a sociedade não já não sofre mais tanto impacto em saber que todos os dias morrem cem brasileiros no trânsito. E que por conta disso, no ano passado, foram registradas 126 mil internações hospitalares que consomem bilhões de reais, que depois faltam no atendimento básico de saúde. Os acidentes de trânsito são hoje uma questão de saúde pública, que consome muitos recursos, vitima muita gente, mata pessoas muito jovens e é uma questão de educação, de cultura. O Brasil precisa mudar o hábito e a atitude dos brasileiros no trânsito. A frente vai continuar estimulando esse debate, denunciando a irresponsabilidade e defendo o Código de Trânsito Brasileiro. Lá no Congresso, infelizmente, tem uns cem números de projetos para estraçalhar com o código, para amolecer a legislação sobre infrações de trânsito, sempre querendo afrouxar a lei frente aos abusos. A gente sempre vai defendendo. Vamos promover um grande debate, porque o trânsito hoje não é um assunto só do poder público, tem que ser também do cidadão, da sociedade, das pessoas, porque não há alguém que não saiba ou não conheça um amigo ou familiar que perdeu a vida em acidente de trânsito.

Eu tenho uma lei que vai completar um ano, que endureceu o jogo contra quem bebe e dirige. Cerca de 60% das mortes no trânsito tem envolvimento de álcool. Exitosa essa lei já garantiu a retirada de circulação de centenas motoristas no Rio Grande do Sul devido à possibilidade do agente de trânsito e policial rodoviário se constituírem prova testemunhal contra quem visivelmente esteja embriagado e se negue a fazer os testes.

ON – Inicialmente, quando se cogitou a criação da Secretaria de Portos e Aeroportos, seu nome havia sido cogitado para assumir a pasta. Porém, ocorreram mudanças e outro nome foi indicado. O que aconteceu?
BA – Originalmente a conversa começou pela criação de uma Secretaria de Portos e Aeroportos e quando foi cogitando meu nome, nessa configuração, em que o conceito de infra-estrutura estaria contido, então eu achei que ia ser de fato uma decisão correta do governo. Nós teríamos uma secretaria que iria priorizar gargalos de infra-estrutura nessas duas áreas, inclusive na própria crise que vivia na época os aeroportos brasileiros. Ao ser aventado meu nome, eu manifestei de pronto minha disposição de enfrentar aquele momento de crise nos aeroportos e os gargalos dos portos. Posteriormente, a conversa se desdobrou apenas para uma Secretaria de Portos. E, finalmente, acabou saindo a decisão de se criar uma secretaria apenas para os portos marítimos, ou seja, as hidrovias e os porto fluviais ficariam de fora dessa pasta. Ora, numa circunstância dessas, eu não aceitei em nenhuma hipótese oferecer meu nome. Ou era um ministério que de fato tinha um conceito, no qual seria possível construir uma verdadeira política de infra-estrutura de transporte e de comércio exterior na área de portos e aeroportos ou eu já tenho muita coisa para fazer no mandato. Tenho que honrar os 176 mil votos que recebi e fiz a opção por continuar na Câmara e liderança do governo para não assumir coisa pela metade.

ON – Agora o prefeito Dipp e o Flávio Lammel, de Victor Graeff, estão se mobilizando para oferecer a região para instalação de uma fábrica da Toyota. Você deve atuar nessa mobilização também?

BA – Estarei sempre junto de quaisquer que sejam as lutas para criar possibilidades que a nossa cidade e região prospecte desenvolvimento e para atrair investimentos. Essa é uma luta difícil, porque os investimentos não procuram apenas um endereço para se instalar. Os investimentos industriais de qualquer natureza procuram mercados organizados, logística e mão-de-obra-capacitada. Quanto à Toyota, de fato, há um debate sobre a possibilidade de ela vir para o Brasil e é muito oportuno para nós que estejamos atentos, que nos mobilizemos, façamos incursões junto à empresa e ao governos para mostrar nosso potencial. É importante colocar no mapa da Toyota a existência da nossa cidade e da região. E mostrar toda a infra-estrutura de que nós dispomos e que poucas regiões apresentam. Temos um cartão de visitas bastante promissor juntando todas essas cidades da região, o potencial é muito grande. Eu sou parceiro dessa luta, embora saibamos que essa é uma luta de disputa política, de divisão internacional, não podemos é ficar de braços cruzados. Temos que descruzar os braços e correr atrás, gritar e mostrar o que somos e temos é muito importante nessa fase da discussão.

ON – Que rumos o PSB deve seguir em 2008?

BA – Temos nacionalmente a formação de um bloco com o PDT e o PCdoB, estamos atuando assim na Câmara Federal. Estamos conversando com o PPS e PS, com a possibilidade de esses dois partidos também se incorporarem ao nosso bloco. Esse bloco é um certo embrião preferencial das nossas discussões nas eleições municipais. Somos governo, nos orgulhamos disso e defendemos os projetos que o presidente Lula faz. Também não somos contra o PT. Somos um bloco de afirmação de esquerda que quer discutir ali na frente a sucessão de Lula e temos um nome, que é o de Ciro Gomes. E é um bloco que evidentemente quer ser base para uma disputa ao governo do Rio Grande Sul. De forma que as eleições municipais são uma prévia importante da sobrevivência e consolidação dessa unidade de partidos. Vamos trabalhar para repetir no máximo de municípios possíveis a aliança. Isso não fecha a porta para o diálogo com outros partidos, pelo contrário, o PSB é um partido de vocação muito democrática.

ON – E o seu futuro político?

BA – Meu futuro político primeiro passa por aquilo que eu tenho me esforçado muito a ser, um bom deputado. Graças a Deus, meu trabalho e meu envolvimento com o governo me projetou alguma importância no cenário nacional, da política de partido, já que eu sou vice-presidente nacional do PSB. Queremos continuar a partir desse bom trabalho, almejando disputas futuras. Eu quero ser participante de um projeto de disputa ao governo do estado. Mas eu acho que é chegada a hora de o PSB, PDT e PCdoB, PV e PSS serem protagonistas de uma eleição estadual. Nós vamos construir isso com calma e paciência sem ter nenhuma soberba e muito diálogo. Se a gente conseguir construir uma aliança então nós vamos fazer esse papel. O meu projeto político é por dentro disso viabilizar esse tipo de encontro de propósitos e de honrar os voto que eu mereci. Na política, as previsões nem sempre podem ser feitas com muita antecedência, mas vou estar lutando duramente para que a gente construa uma grande aliança que possa governar o Rio Grande do Sul em 2010.

O Brasil tem só 15 milhões de pessoas com acesso à internet e somos um país de 180 milhões de brasileiros. Por isso estamos investindo muito nessa direção

Morrem em decorrência de acidentes de trânsito cem pessoas todos os dias, cerca de 35 mil todos os anos, é a primeira causa de morte de jovens até 19 anos. É algo que, infelizmente, culturalmente, a sociedade parece que se acostumou a ouvir em todos os finais de semana, as estatísticas de morte.