Reajuste provoca brigas e confusão

Dec 21 2006
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Gazeta MercantilGazeta Mercantil, 21/12/2006
Reajuste provoca brigas e confusão

Brasília, 21 de Dezembro de 2006 – Parlamentares não abrem mão do aumento, mas não querem ser responsabilizados. A Câmara não conseguiu chegar a um acordo, ontem, em torno do valor do reajuste nos salários de deputados e senadores.

Brasília, 21 de Dezembro de 2006 – Parlamentares não abrem mão do aumento, mas não querem ser responsabilizados. A Câmara não conseguiu chegar a um acordo, ontem, em torno do valor do reajuste nos salários de deputados e senadores. Depois de uma reunião tensa, marcada por bate-bocas e trocas de acusações entre os líderes partidários, a confusão era tanta que até o início da noite não havia garantias nem sobre a votação do aumento na atual legislatura.

Além de não decidir sobre o reajuste, os parlamentares colocaram sobre a mesa de negociações um tema considerado caro para os deputados, sobretudo os de partidos menores: a extinção dos chamados acessórios aos salários, como a verba indenizatória no valor de R$ 15 mil e o 14º e 15º salários.

Como não houve consenso, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), decidiu levar todas as propostas debatidas ao plenário, para que os deputados decidissem sobre o melhor caminho a ser seguido. A tendência, no entanto, era de que a discussão sobre a polêmica decisão das Mesas da Câmara e Senado fosse jogada para 2007. Líderes de sete partidos – PSDB, PMDB, PV, PSB, PSol, PTB e PPS – orientavam pelo adiamento.

Em conversa pelo telefone com a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), no rastro da reunião, o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), desaconselhou a apreciação do reajuste. "Ideli, sob pressão não dá para votar, sob pressão vão querer votar até corte da cadeira onde a gente senta", reclamou Albuquerque. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) demonstrava resignação. "A sociedade venceu, vamos ficar sem os dedos, os anéis e as mãos", disparou o deputado tucano.

No início da tarde, após a missa do final de ano legislativo, Aldo já ensaiava o recuo. Falou em reparação de erros e disse que o Congresso deveria ter humildade para voltar atrás. "O problema não é errar e sim persistir no erro", justificou o presidente da Câmara.

O reajuste responsável, num primeiro momento, por estimular o espírito de corpo na Câmara, terminou como pomo da discórdia entre os parlamentares. Segundo participantes do encontro de líderes, a reunião foi uma das mais tensas já presenciadas na Casa. O clima beligerante dominou o ambiente. Um dos mais exaltados, o líder do PDT, deputado Miro Teixeira (RJ), acusou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) de querer produzir "manchetes" no dia seguinte. O deputado do PSOL defendia a retirada do reajuste de pauta ao passo que Miro, a votação sobre se haveria ou não o aumento e de quanto, ainda ontem.

A decisão de votar o fim da verba indenizatória e dos 14º e 15º salários dos parlamentares antes do reajuste também foi motivo de polêmica. Os líderes partidários favoráveis ao adiamento da discussão desconfiaram que se tratava de uma estratégia para, a partir do fim dos benefícios, aprovar o aumento para 24,5 mil.

O Senado preferiu não enviar representantes à reunião e, ao fim do encontro, foi acusado de se omitir no momento crucial da discussão para evitar desgaste perante à opinião pública. "As máfias não se entendem", disse o deputado Paulo Delgado (PT-MG).