Reunião acaba em bate-boca

Feb 15 2008
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Correio Braziliense, 15/2/2008

Luiz Carlos Azedo – Da equipe do Correio

Terminou em bate-boca a reunião de ontem da coordenação política do governo
com os líderes da base governista. No encontro, que aconteceu pela manhã no
Palácio do Planalto e sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, por muito pouco, a ministra-chefe da Casa Civil não mandou o
vice-líder do governo na Câmara Beto Albuquerque (PSB-RS) se calar. A
discussão aconteceu ao final da reunião, quando Dilma foi contestada pelo
parlamentar gaúcho por não prever investimentos no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) para a duplicação da rodovia BR 398, que liga Pelotas ao
superporto de Rio Grande.

Montada para motivar a base governista e a "cacifar" ainda mais a
ministra-chefe da Casa Civil, cujo nome é apontado pelo presidente Lula como
uma das alternativas do PT para sua sucessão em 2010, a reunião confirmou
uma característica de Dilma que toda a burocracia e os demais colegas de
Esplanada já conhecem: ela não suporta ser contrariada. "Foi coisa de
gaúcho", minimizou o novo líder do PT, Maurício Rands (PE), que ficou
encantado com a apresentação das obras e dos investimentos do PAC feita por
Dilma.

"Não vim aqui só para ouvir. Quero falar também", disse Beto Albuquerque,
quando o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB),
após a longa apresentação de Dilma, agradeceu a presença de todos e encerrou
a reunião. Beto contestou a informação de que o governo, que fará R$ 500
milhões de investimentos no superporto de Rio Grande, não poderia duplicar a
rodovia BR 398 porque era uma concessão federal da época do governo Fernando
Henrique Cardoso.

O vice-líder havia consultado funcionários do Tribunal de Contas da
União(TCU)e o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres,
Alexandre Rezende, que lhe asseguraram não haver quaisquer impedimentos. "O
acórdão do TCU nº 599, de 2005, permite investimentos federais em rodovias
sob concessão", argumentou. Dilma retrucou com o argumento de que esse não é
o entendimento dos técnicos do governo. "A ministra só tem boca, não sabe
ouvir", criticou Beto. Para apagar o incêndio, José Múcio entrou em campo e
marcou uma audiência de Beto com Dilma, no final da tarde, da qual o
vice-líder do governo saiu sem falar com a imprensa. Os dois são conhecidos
de longa data e até foram colegas de secretariado no governo do Rio Grande
Sul