Risco para quem bebe, prejuízo para quem vende
- Posted by: Ass. Imprensa
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A Platéia – Livramento, 17/7/2008
Empresários santanenses assistem à queda nas vendas de bebidas chegar a 40%
Tolerância zero para a combinação entre álcool e direção. Esta tem sido a frase mais ouvida em todo o país desde o dia 20 de junho, data da entrada em vigor da nova lei de trânsito que prevê multas pesadas, remoção de veículos, prisão, e até mesmo a perda do direito de dirigir aos motoristas que forem flagrados dirigindo com o teor de álcool acima do permitido pela lei.
Aliado a isso, os comerciantes já observam a diminuição no volume das vendas de bebidas e da freqüência de clientes que, simplesmente, desapareceram dos plantões, bares e restaurantes. O medo de ser pego em uma das muitas barreiras policiais e não ser aprovado no teste do etilômetro provoca um efeito em cadeia capaz de reduzir o consumo em aproximadamente 40%.
Ontem, a reportagem do Jornal A Platéia procurou os empresários proprietários de plantões de bebidas instalados ao longo da avenida João Goulart, no centro da cidade, e ouviu destes as mesmas reclamações: os clientes desapareceram.
Redução de custos
“Nossas vendas caíram significativamente desde a entrada em vigor da nova lei. Sinceramente, está ficando cada vez mais difícil trabalhar. Estamos cortando as despesas, reduzindo gastos para poder suportar a diminuição das vendas provocada pela nova lei”, afirmou o empresário Paulo Maciel, proprietário de um dos plantões de bebidas mais procurados da BR. O empresário afirmou ainda ser favorável à lei, porém, acredita que o governo deverá ser mais flexível e se render aos apelos dos proprietários de estabelecimentos comerciais a fim de evitar uma forte quebra no setor.
Airton Silveira Vargas, também proprietário de um plantão de bebidas na avenida João Goulart, afirmou que a queda nas vendas no seu estabelecimento também chega à casa dos 40%. “Estou muito preocupado com os efeitos dessa lei a longo prazo. As pessoas estão com muito medo de parar aqui e beber, pelo menos, uma cerveja porque sabem que poderão cair nas barreiras policiais e serem multadas. Acho também que esta é apenas uma questão de cultura e de adaptação. Os brasileiros irão se acostumar e achar meios de beber nos mesmos lugares de sempre desde que mantenham por perto alguém que possa dirigir”, afirmou Airton.
Depósitos fechados
Caixas e mais caixas de cerveja ficam empilhadas nos depósitos à espera dos clientes na incerteza da presença dos mesmos. Os dois empresários entrevistados foram unânimes ao afirmar a necessidade de redução dos pedidos de bebida aos fornecedores uma vez que o risco do produto permanecer estocado é maior agora. Os dois afirmaram ainda que a queda no movimento também se deve a baixa circulação de dinheiro na cidade e do frio do inverno, que chegou rigoroso em 2008.
Se por um lado, a lei muda as atitudes, por outro, provoca polêmicas. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) deve recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a lei de tolerância zero.
De acordo com os advogados, o artigo que prevê punição para o motorista que se recusar a soprar o bafômetro, mesmo sem qualquer sinal de embriaguez, é inconstitucional.
Enquanto a discussão acontece é melhor se prevenir e realmente não beber se for dirigir.
O limite imposto pela nova legislação e que represente sinal de embriaguez depende muito do tipo físico do motorista. Em média, 0,6 decigramas representa três latas de cerveja, dois copos de vinho ou uma dose bem servida de qualquer destilado.