Severino é o presidente
Feb
16 2005
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O Pioneiro
O Pioneiro, 16/02/2005
Severino é o presidente
Brasília – Pela primeira vez na história do país, o partido majoritário e do governo federal – hoje o PT -, ficará de fora da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
A eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara, derrotando o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), na manhã de ontem, representou a mais grave derrota política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional.
Pela tradição da Câmara, cabia ao PT o direito de indicar o presidente da Casa. Mas as regras não impendem candidaturas avulsas, como a de Severino, que bateu o petista por 300 votos a 195 no segundo turno da eleição. No primeiro turno, o petista obteve 207 votos, enquanto o deputado do PP conseguiu 124 votos, sete a mais do que Virgílio Guimarães (MG), candidato petista dissidente. José Carlos Aleluia (PFL-BA) obteve 53 votos, enquanto Jair Bolsonaro (PFL-RJ) conquistou apenas dois votos.
Parlamentares avaliaram que houve erros nas negociações em torno da sucessão na Câmara e que a insatisfação na relação do governo com o Congresso foi fator decisivo na eleição.
– Esse é o resultado da condução política do governo. Muitos acharam que essa era a forma de revidar suas insatisfações – afirmou o líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE).
– Foi a consequência de muita insatisfação, de um processo eleitoral inadequado e de uma estratégia de governo equivocada. O PT privilegia aliados que não têm consistência – complementou o líder do PSB, também governista, Renato Casagrande (ES).
Apesar do baque, alguns parlamentares governistas procuravam contemporizar.
– Com relação à agenda, não há nada irremediável. O partido saberá articular e fazer alianças que ajudem a viabilizar programas e mudanças – amenizou o petista Maurício Rands (PE).
O próprio Severino, em seu discurso de posse, prometeu uma boa relação com o Palácio do Planalto.
– Não procurarei, de jeito nenhum, criar empecilho para meu conterrâneo de Pernambuco – disse, referindo-se a Lula.
Mas a nova situação vai exigir muito trabalho de Lula e de seu governo para reestruturar a base governista e fazer a Câmara dos Deputados andar de acordo com suas prioridades.
A eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara, derrotando o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), na manhã de ontem, representou a mais grave derrota política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional.
Pela tradição da Câmara, cabia ao PT o direito de indicar o presidente da Casa. Mas as regras não impendem candidaturas avulsas, como a de Severino, que bateu o petista por 300 votos a 195 no segundo turno da eleição. No primeiro turno, o petista obteve 207 votos, enquanto o deputado do PP conseguiu 124 votos, sete a mais do que Virgílio Guimarães (MG), candidato petista dissidente. José Carlos Aleluia (PFL-BA) obteve 53 votos, enquanto Jair Bolsonaro (PFL-RJ) conquistou apenas dois votos.
Parlamentares avaliaram que houve erros nas negociações em torno da sucessão na Câmara e que a insatisfação na relação do governo com o Congresso foi fator decisivo na eleição.
– Esse é o resultado da condução política do governo. Muitos acharam que essa era a forma de revidar suas insatisfações – afirmou o líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE).
– Foi a consequência de muita insatisfação, de um processo eleitoral inadequado e de uma estratégia de governo equivocada. O PT privilegia aliados que não têm consistência – complementou o líder do PSB, também governista, Renato Casagrande (ES).
Apesar do baque, alguns parlamentares governistas procuravam contemporizar.
– Com relação à agenda, não há nada irremediável. O partido saberá articular e fazer alianças que ajudem a viabilizar programas e mudanças – amenizou o petista Maurício Rands (PE).
O próprio Severino, em seu discurso de posse, prometeu uma boa relação com o Palácio do Planalto.
– Não procurarei, de jeito nenhum, criar empecilho para meu conterrâneo de Pernambuco – disse, referindo-se a Lula.
Mas a nova situação vai exigir muito trabalho de Lula e de seu governo para reestruturar a base governista e fazer a Câmara dos Deputados andar de acordo com suas prioridades.
Campo de fim de batalha
Logo depois da posse, o Salão Verde da Câmara era um campo em fim de batalha. Os deputados aliados ao governo choravam a derrota e já pensavam no andamento de projetos pendentes.
– Tenho certeza que ele (Severino) pode ser governista. O problema é o tamanho da conta – reclamava o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS)
Ontem pela manhã, ainda perplexos com a derrota, técnicos da equipe econômica do governo estavam em dúvida quanto ao futuro de projetos já prontos para irem ao Congresso. Um deles é o texto da reforma sindical. A pauta da Câmara está trancada por 14 Medidas Provisórias.
Mas a agenda econômica é prioridade na mensagem apresentada ontem pelo ministro-chefe José Dirceu, na posse do novo presidente da Câmara. A conclusão da reforma tributária também está em pauta. O temor dos deputados ligados ao governo também é o de perder a relatoria de projetos importantes, em tramitação, para aliados do novo presidente.
É o caso de Medida Provisória 232, com novas regras para o Imposto de Renda. Severino ainda não tinha assumido e já fazia declarações contra a MP.
– Não sei como vai ficar a minha situação, mas acho que vou perder a relatoria para o PFL – reclamava o deputado Carlito Merss (PT-SC).
clicRBS |
A repercussão do pleito |
– Não sei o que aconteceu. |
Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), candidato oficial do PT à presidência da Câmara, derrotado na eleição |
– Quiseram atirar no governo e acertaram o próprio pé. Os deputados que compõem a base aliada não foram leais com o governo. Eu acho que o Severino é um tsunami, uma tragédia para Câmara. |
Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo na Câmara |
– A impressão que dá é que estava todo mundo de porre, só que a ressaca vai pegar até em quem não bebe. |
Deputado que pediu para não ser identificado |
– Chegamos a esse ponto porque o governo do PT sempre teve política de não respeitar partidos. |
Presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). |
– A Câmara nunca mais será a mesma, é algo inaceitável. A base está desfalecendo em decorrência da atitude do Executivo. |
Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) |
– Nosso erro foi ter dois candidatos. Quiseram mandar um recado para o governo elegendo Severino. |
Deputado Paulo Delgado (PT-MG) |
– O Severino não é de oposição. Ele pertence à base aliada. Não há crise nenhuma com a sua eleição. Ele vai procurar as lideranças do governo e o próprio governo. |
Deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) |