Com vitA?ria de Henrique Alves, PMDB lidera Congresso e ocupa linha sucessA?ria de Dilma
BRASA?LIA Favorito e com o apoio de 20 partidos, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi eleito ontem novo presidente da CA?mara dos Deputados com 271 votos, um placar que ficou aquAi??m da vitA?ria acachapante que os peemedebistas esperavam. Cacique do partido e com 11 mandatos como deputado federal, Alves venceu outros trA?s candidatos no primeiro turno, mas com apenas 22 votos alAi??m dos 249 exigidos regimentalmente. Os peemedebistas apostavam em adesA?o de pelo menos 300 deputados. A avaliaAi??A?o foi que a traiAi??A?o partiu principalmente do PT, do PSD e atAi?? mesmo do PMDB.
Com a eleiAi??A?o de Henrique Alves, os trA?s primeiros nomes dos quatro da linha sucessA?ria da PresidA?ncia da RepA?blica sA?o polAi??ticos do PMDB: o vice-presidente, Michel Temer (SP); o presidente da CA?mara, Henrique Alves (RN); e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). O quarto nome da linha sucessA?ria Ai?? o presidente do Supremo Tribunal Federal.
Alves foi eleito mesmo depois de uma enxurrada de denA?ncias de irregularidades envolvendo apadrinhados polAi??ticos indicados por ele para cargos federais, alAi??m de suspeitas sobre seus mandatos, como o uso suspeito de emendas parlamentares ao OrAi??amento da UniA?o em favor de empresas de um assessor.
O dia da sua eleiAi??A?o comeAi??ou com a tensA?o em torno de um dossiA? apA?crifo distribuAi??do desde a madrugada de ontem pelos gabinetes de todos os deputados. O documento tem na capa uma foto do parlamentar de cabeAi??a baixa, e a frase: “Candidato condenado no Rio Grande do Norte, com direitos polAi??ticos cassados e responde a vA?rios processos”. No conteA?do, hA? cA?pias da decisA?o do Tribunal de JustiAi??a do Rio Grande do Norte que o condenou em primeira instA?ncia por improbidade administrativa, e cA?pias de reportagens com denA?ncias que o envolveram.
Nos discursos de ontem, Alves criticou a imprensa e avisou que sua gestA?o serA? de um Parlamento “altivo e palpitante”. Ele apresentou ainda uma plataforma para agradar o pA?blico interno, como brigar pelo pagamento impositivo das emendas individuais, cuja cota hoje Ai?? de R$ 15 milhAi??es por parlamentar, por ano.
Ignorando a vitA?ria apertada e as denA?ncias contra ele, Alves afirmou que o importante foi vencer no primeiro turno. O peemedebista usou a tribuna antes e depois da eleiAi??A?o para dizer aos colegas que o Parlamento Ai?? o A?nico Poder em que todos os integrantes sA?o eleitos com o voto popular. No Executivo, com exceAi??A?o da presidente da RepA?blica, e no JudiciA?rio, os integrantes sA?o nomeados, frisou.
– O Poder que representa o povo brasileiro na sua mais sincera legitimidade, queiram ou nA?o queiram, Ai?? esta Casa aqui. NA?o faltarA? a um ou a outro o nosso respeito, mas tanto um quanto outro nA?o se esqueAi??am que aqui, nesta Casa, sA? tem parlamentar abenAi??oado pelo voto popular. Vamos discutir e votar. Esse Parlamento nA?o foi feito para discutir com a barriga, Ai?? para discutir e votar – disse o novo presidente da CA?mara.
VotaAi??A?o de JA?lio Delgado surpreendeu
Os trA?s adversA?rios de Henrique Alves obtiveram juntos 223 votos, quase metade dos 497 presentes. TrA?s votos foram em branco. A votaAi??A?o expressiva, 165 votos, do deputado JA?lio Delgado (MG), candidato oficial do PSB, tambAi??m surpreendeu. Na CA?mara, o PSB tem 27 deputados. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), atuou nos bastidores, especialmente junto ao pessoal do PSD de Gilberto Kassab e a nomes do PSDB. Muitos optaram por nA?o votar em Henrique Alves para nA?o fortalecer ainda mais o PMDB, que vai comandar as duas Casas.
LAi??der do PSB na CA?mara, o deputado Beto Albuquerque (RS) afirmou que a vitA?ria apertada Ai?? um sinal de que a Casa quer mudanAi??as e novas prA?ticas polAi??ticas:
– Para quem achava que ia ganhar de goleada, fazer um gol nos 50 minutos do segundo tempo nA?o Ai?? um bom resultado. Os 226 mostram que a Casa quer mudanAi??a.
A peemedebista Rose de Freitas (ES), que se lanAi??ou como candidata avulsa, recebeu 47 votos. E o candidato do PSOL, Chico Alencar (RJ), 11 votos.
Em resposta Ai??s denA?ncias que pesam contra ele, Henrique Alves, ainda discursando como candidato, classificou-as como “labaredas” incapazes de destruir seus 42 anos de vida pA?blica. Segundo ele, a imprensa sA? apresentou as denA?ncias Ai??s vAi??speras da eleiAi??A?o:
– Fui relator do prAi??-sal, do Minha Casa Minha Vida e nunca se disse uma vAi??rgula de mim, nunca se opA?s uma palavra. Agora, no mA?s eleitoral, de repente redescobriram o Henrique. Cada um aqui (dos deputados presentes) sabe o que eu digo. Tentaram refazer o Henrique, inventar o Henrique. Apareceu isso, aquilo. Mas digo: sA?o labaredas que nA?o chamuscam o alicerce de uma vida inteira que construAi??.
JA? como presidente eleito, o peemedebista nA?o voltou a falar nas denA?ncias. Defendeu uma pauta propositiva, e disse que Ai?? do tempo em que a CA?mara se impunha pelos debates e melhores valores.
– Vivi tudo isso e vivi tambAi??m tempos como hoje, quando Ai?? fA?cil ter arroubos de se bancar o valentA?o ou destemido. Mas Ai?? preciso coragem para nA?o sucumbir, para resistir. Atravessei esse tempo e chego inteiro para ser presidente da CA?mara. Esta Casa dA?-nos forAi??a interior. Por mais que haja mA? vontade aqui e acolA?, jogos perversos em relaAi??A?o ao Legislativo aqui e acolA?, crAi??ticas absurdas e descabidas Ai?? atividade parlamentar.
O novo presidente da CA?mara listou aos colegas suas promessas de campanha: empenhar-se para aprovar o orAi??amento participativo para as emendas parlamentares individuais, o que obrigaria o Executivo a pagar as emendas sem que deputados tenham que implorar por isso; distribuiAi??A?o mais equitativa de relatorias de medidas provisA?rias; modificaAi??A?o da cobertura da TV CA?mara para mostrar que os deputados trabalham muito, inclusive nos finais de semana, percorrendo suas bases eleitorais nos estados; alAi??m de uma pauta de debates importantes, incluindo a votaAi??A?o do pacto federativo.
ReferA?ncias ao pai e a Ulysses GuimarA?es
Antes da eleiAi??A?o, Henrique Alves tentou se diferenciar dos concorrentes que se apresentavam como candidatos Ai??ticos e da mudanAi??a. Criticou o voto de traiAi??A?o, contra orientaAi??A?o partidA?ria, e pediu aos deputados o voto coerente. No final do discurso, fez referA?ncia ao pai, AluAi??zio Alves, cassado pela ditadura, e Ulysses GuimarA?es, que classificou como padrinho polAi??tico:
– Se eu me sentar naquela cadeira (da presidA?ncia da CA?mara), vou honrar o Parlamento.
Candidato do PSB de Eduardo Campos, o deputado JA?lio Delgado fez um duro discurso contra o desgaste do Poder Legislativo junto Ai?? opiniA?o pA?blica:
– Temos que vencer as prA?ticas polAi??ticas que envergonham o Parlamento. Meu sentimento Ai?? de vencer a politicagem no Parlamento. Podemos construir um Parlamento altivo e das grandes causas, e nA?o das pequenas causas.
Em seguida, Chico Alencar tambAi??m atacou as atuais prA?ticas:
– O Parlamento do Brasil estA? mal, assim como os partidos polAi??ticos.
