Vaga já atrai 20 deputados

Sep 22 2005
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Zero Hora – Porto AlegreZero Hora – Porto Alegre, 22/09/2005
Vaga já atrai 20 deputados

PFL e PSDB apóiam Nonô, enquanto Lula pede a partidos aliados para não repetir divisão que resultou na escolha de Severino para presidir a principal Casa do Congresso

Brasília

Chega a 20 o número de deputados interessados na vaga de presidente da Câmara aberta ontem com a renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE).

Os mais cotados pelo lado do governo são Arlindo Chinaglia (PT-SP), aclamado ontem como candidato pela bancada petista, e Aldo Rebelo (PC do B-SP), e pela oposição, José Thomaz Nonô (PFL-AL). Apoiado por integrantes do PMDB aliado e de oposição, Michel Temer (PMDB-SP) corre por fora e pode surpreender.

De olho no calendário eleitoral, os governadores de Minas, Aécio Neves, e de São Paulo, Geraldo Alckmin, desembarcaram na terça-feira em Brasília para apoiar a aliança estratégica com o PFL, que pode viabilizar a eleição de Nonô. Os dois ponderaram, porém, que o PSDB não deve fechar as portas a Temer. Aécio e Alckmin são aspirantes a candidato presidencial do PSDB.

– O PSDB está fechado com a candidatura do deputado Nonô. Mas também tem de estar aberto para uma solução congressual, pois o ideal seria fugir de uma disputa entre governo e oposição, tendo em vista que o melhor neste momento seria garantir uma vitória da instituição. Se houver uma convergência em torno do nome do deputado Michel Temer, o PSDB tem de avaliar – admite Aécio.

Lula pediu grandeza a partidos da base aliada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu "grandeza" aos partidos da base aliada para evitar que a disputa pela sucessão na Câmara leve o governo a outra derrota, como ocorreu em fevereiro, na eleição de Severino. Segundo o ministro da Coordenação Política, Jacques Wagner, Lula fez o pedido na reunião com os presidentes aliados, na terça-feira.

– O presidente chamou a atenção dos partidos de que a gente deveria ter grandeza para que não haja outro episódio como o de fevereiro em que a gente perdeu, talvez por não ter tido essa grandeza – disse.

Em fevereiro, o PT teve dois candidatos (Luiz Eduardo Greenhalgh e Virgílio Guimarães) e acabou derrotado. Virgílio pretende concorrer de novo. Wagner não descartou a possibilidade de apoio a Temer.

A Câmara

Quem está no páreo
Alceu Collares (PDT)
Aldo Rebelo (PC do B-SP)
Arlindo Chinaglia (PT-SP)
Beto Albuquerque (PSB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Delfim Netto (PMDB-SP)
Denise Frossard (PPS-RJ)
Eduardo Campos (PSB-PE)
Eduardo Gomes (PSDB-TO)
Francisco Dornelles (PP-RJ)
Inocêncio Oliveira (PL-PE)
João Caldas (PL-AL)
José Thomaz Nonô (PFL-AL)
Jutahy Júnior (PSDB-BA)
Luiz Antonio Fleury (PTB-SP)
Michel Temer (PMDB-SP)
Luiz Antonio Fleury (PTB-SP)
Nilton Capixaba (PTB-RO)
Virgílio Guimarães (PT-MG)
Yeda Crusius (PSDB)

A maldição dos presidentes da Câmara

Único presidente da Câmara a renunciar ao mandato, Severino Cavalcanti (PP-PE) não é o primeiro a ter um desfecho trágico depois de sentar na cadeira da presidência da Casa. Da redemocratização do país até agora, nada menos que cinco dos nove deputados eleitos para o cargo caíram em desgraça. A cassação ou a morte repentina têm sido os maiores infortúnios. Contrariando a maldição, Michel Temer (PMDB-SP), Efraim Morais (PFL-PB), Paes de Andrade (PMDB-CE ) e Aécio Neves (PSDB-MG) saíram ilesos. Conheça os presidentes desafortunados:

> Ulysses Guimarães (PMDB) – Com papel fundamental na redemocratização, o Senhor Diretas queria ser presidente da República. Acabou comandando a Câmara em duas oportunidades (1985-1987 e 1987-1989). Ulysses perdeu a vida em um acidente de helicóptero em 12 de outubro de 1992 no mar no Rio de Janeiro. Seu corpo nunca foi encontrado.

> Ibsen Pinheiro (PMDB) – Jornalista e advogado, presidia Câmara durante o processo de impeachment de Fernando Collor, em 1992. Era um político em ascensão. Em 1994, teve o mandato cassado sob acusação de sonegação e enriquecimento ilícito. Mais tarde, foi descoberto que Ibsen havia sido vítima de um erro da imprensa alimentado por inimigos políticos. Em 2005, voltou à política como vereador em Porto Alegre.

> Inocêncio Oliveira (PL) – Médico pernambucano, é deputado federal desde 1975. Presidiu a Casa no biênio 1993-1994 e chegou a assumir a Presidência da República interinamente nove vezes. Em 2002, foi acusado de manter trabalho escravo na fazenda Caraíbas, no Maranhão.

> Luís Eduardo Magalhães (PFL) – Herdeiro político do pai, o senador Antonio Carlos Magalhães, Luís Eduardo obteve três mandatos na Câmara e presidiu a Casa de 1995 a 1997. Foi vítima de infarto aos 43 anos, em 21 de abril de 1998.

> João Paulo Cunha (PT) – Parlamentar em terceira legislatura, foi o primeiro petista a presidir a Casa (2003-2004). Corre o risco de ter o mandato cassado por ter levado R$ 50 mil do valerioduto.