AlianA�a com PSB deve fortalecer o PCdoB, avalia Frasson

May 03 2010
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JORNAL DO COMERCIO – PORTO ALEGRE


O presidente estadual do PCdoB, Adalberto Frasson, ressalta que a sigla estA? ao lado do presidente Lula (PT) desde 1989 – o partido jA? garantiu apoio A� prA�-candidata do PT A� presidA?ncia da RepA?blica, Dilma Rousseff. TambA�m lembra que esteve ao lado do PT nas disputas estaduais de 1994, 1998, 2002 e 2006. Mas nA?o confirma que exista uma lA?gica de que o partido deva se aliar aos petistas, com Tarso Genro, neste ano ao PalA?cio Piratini.

Pelo contrA?rio. Frasson faz questA?o de ressaltar que os comunistas ainda estA?o avaliando qual a melhor alternativa, apoiar Tarso ou Beto Albuquerque. E ressalta que independentemente do cabeA�a de chapa, uma alianA�a com o PSB A� a prioridade, ainda que as duas siglas possam apoiar Tarso. A coligaA�A?o para a disputa proporcional com os socialistas estA? bem encaminhada. Resta a definiA�A?o na majoritA?ria.

Nesta entrevista ao Jornal do ComA�rcio, Frasson fala do que influencia na escolha do partido, avalia o cenA?rio e destaca um novo momento do PCdoB, em que a sigla vai buscar mais protagonismo, como em 2008, quando lanA�ou a deputada federal Manuela Da��A?vila A� prefeitura. a�?Gostamos do caminho e achamos que vamos segui-lo em Porto Alegre.a�?

Jornal do ComA�rcio – Como estA? a negociaA�A?o do PCdoB para alianA�as ao Piratini. ApoiarA? o PT, de Tarso, ou o PSB, de Beto?

Adalberto Frasson – Para o PCdoB, a alianA�a com o PSB joga um papel novo na polA�tica do Estado, com um significado importante a desempenhar nesta eleiA�A?o e no futuro da polA�tica no Estado. ConstituA�mos um bloco que deve permanecer unido. E unido nessa disputa eleitoral, ele sai muito fortalecido. O que estamos debatendo A� se esse fortalecimento se darA? melhor com a candidatura do Beto ou com esse bloco compondo um debate com uma outra candidatura.

JC – A uniA?o com o PSB estA? decidida. Resta saber se o bloco vai ter candidatura prA?pria ou se vai apoiar o Tarso?

Frasson – Exatamente, partimos desse pressuposto.

JC – Beto disse que, se tiver apoio do PCdoB, serA? candidato ao Piratini. EntA?o estA? encaminhada essa posiA�A?o.

Frasson – A� isso que estamos discutindo com o PSB, procurando ver o cenA?rio, os espaA�os para a candidatura.

JC – Beto estA? convicto da candidatura dele, o PCdoB A� que nA?o estA? convicto de que esse bloco tem a envergadura necessA?ria para candidatura prA?pria?

Frasson – Estamos tentando criar as condiA�A�es para que isso exista. A convicA�A?o precisa ficar mais explA�cita. Qual serA? o espaA�o, porque a eleiA�A?o no Estado tem quatro candidaturas bem situadas, as trA?s mais fortes, do Tarso, do (JosA�) FogaA�a (PMDB) e da Yeda (Crusius, PSDB); e acho que a do (LuA�s Augusto) Lara (PTB) se situa bem pelo espaA�o que ele vai ter na campanha com o DEM. EntA?o uma outra candidatura tem que estar muito bem posicionada. Nossa preocupaA�A?o A� que esse bloco saia fortalecido do processo. Queremos e achamos que temos grandes condiA�A�es.

JC – Na proporcional dessa vez deve ser sA? PCdoB e PSB?

Frasson – Exatamente. Os dois partidos sA?o parecidos em termos de tamanho e podemos sair fortalecidos. TambA�m precisamos ver qual o melhor caminho na disputa majoritA?ria.

JC – Qual a autonomia do diretA?rio estadual sobre alianA�as?

Frasson – Completa. O PCdoB se situa dentro do projeto nacional polA�tico de desenvolvimento para o PaA�s e que trabalha nos estados tambA�m em torno desse projeto nacional, entA?o, A� um diA?logo permanente da direA�A?o nacional com a gente. A� um debate perfeitamente sintonizado.

JC – Para a direA�A?o nacional nA?o faz diferenA�a cabeA�a de chapa com PSB ou PT?

Frasson – NA?o A� que nA?o faz diferenA�a, examinamos conjuntamente as conveniA?ncias. A direA�A?o nacional compartilha da relaA�A?o que o PCdoB e o PSB construA�ram aqui no Estado e valoriza muito o fato de o PSB na eleiA�A?o passada ter sido parceiro nosso (em Porto Alegre), sem exigA?ncia nenhuma.
JC – Mas eles nA?o manifestam preferA?ncia por Tarso ou Beto?

Frasson – NA?o, estamos discutindo conjuntamente esse cenA?rio, como o PCdoB discute isso nos demais estados. NA?o hA? uma definiA�A?o do diretA?rio nacional sem uma discussA?o com os estados. A gente constrA?i junto.

JC – Com a retirada da candidatura de Ciro Gomes A� presidA?ncia da RepA?blica, foi facilitado o apoio ao PSB aqui no Estado?

Frasson – Ajuda. A candidatura de Ciro criaria uma dificuldade na relaA�A?o com o PSB.

JC – Isso porque seriam dois palanques, de Ciro e de Dilma, apoiada pelo PCdoB nacional?

Frasson a�� Exatamente. AA� a relaA�A?o com o PSB iria ficar complicada, e dificilmente entrarA�amos no mesmo palanque.

JC – A desistA?ncia do Ciro favorece uma alianA�a com o Beto?

Frasson a�� Favorece uma alianA�a com o Beto, porque tambA�m vai estar sintonizada com nossa orientaA�A?o nacional. Vai ser um outro palanque para Dilma aqui no Estado. O cenA?rio nacional agora com o PSB apoiando Dilma tranquiliza a situaA�A?o, elimina essa pauta dos palanques nacionais.

JC – Que outros fatores definem essa posiA�A?o?

Frasson – A gente tem que levar em conta o espaA�o polA�tico da candidatura e a estrutura tambA�m.

JC a�� As pesquisas indicam que hA? espaA�o polA�tico?

Frasson – Nas pesquisas, Beto estA? muito bem. Agora a preocupaA�A?o do debate polA�tico A� se nesse cenA?rio de trA?s candidaturas disputando fortemente haverA? espaA�o para mais a nossa. A� preciso avaliar que discurso a gente teria e se esse discurso nA?o casa com uma outra candidatura, pois aA� poderA�amos ser engolidos por uma alternativa com mais forA�a. O PSB estA? convencido de que existe possibilidade atA� de atrair outros aliados, entA?o A� essa discussA?o que precisamos amadurecer mais.

JC – O Beto tem falado bastante no PP.

Frasson – ComeA�amos a discutir, mas fomos vendo que o PP jA? estava muito amarrado com Yeda.

JC – O senhor nA?o vA? problema em o PCdoB coligar com o PP, um sucedA?neo da Arena?

Frasson – Se estivesse dentro de um projeto polA�tico, nA?o haveria problema. E A� sucedA?neo em termos. Eles nA?o defendem hoje o que defendiam, tA?m outra proposta. Diria que o PP, no cenA?rio polA�tico nacional hoje, A� um partido que estA? ajudando a construir um projeto em que nA?s do PCdoB fomos os primeiros parceiros, lA? em 1989. O PCdoB sempre apoiou Lula, nas quatro eleiA�A�es.

JC – NA?o hA? uma barreira com o PP pela questA?o ideolA?gica?

Frasson – Acho que A� o projeto que interessa.

JC – Essa questA?o histA?rica estA? superada entA?o?

Frasson a�� Sim. Vamos ficar presos se pensarmos sA? no passado. O PCdoB tambA�m teve posiA�A�es polA�ticas equivocadas. Desde que nos organizamos, foi sempre na perspectiva da construA�A?o do socialismo. A� a sociedade mais avanA�ada, o futuro, e trabalhamos para isso.

JC – Qual serA? o cronograma do PCdoB atA� a definiA�A?o?

Frasson – Vamos continuar conversando com PSB, com outras forA�as polA�ticas, com o PT, e discutindo internamente. Temos a convenA�A?o em 13 de junho, mas pretendemos definir isso mais cedo. E estamos tratando de preparar a nominata dos nossos candidatos na proporcional. No Estado, neste ano, a prioridade A� o Legislativo. Temos condiA�A�es de eleger dois deputados federais e de dois a trA?s estaduais.

JC – Chegou a haver a discussA?o com o PT sobre apoio a Tarso neste ano em troca da cabeA�a de chapa em 2012, para o PCdoB, na prefeitura de Porto Alegre?

Frasson – O PT sinalizou essa possibilidade de construir o leque de forA�as agora que tivesse uma dimensA?o maior, que nA?o fosse sA? para essa eleiA�A?o, que passasse por 2012, 2014 e assim por diante. Acho que A� positivo o PT apresentar isso. O PT tratava sempre como a candidatura do PT e quem quisesse que apoiasse. Agora isso ainda A� um processo que nA?o estA? concluA�do. NA?s temos uma relaA�A?o com o PSB que jA? vem construA�da e, portanto, nA?o vamos deixar essa relaA�A?o apenas por sinalizaA�A�es.

JC – O partido estA? com 88 anos. Nos A?ltimos golpes ditatoriais se usou sempre a questA?o da a�?ameaA�a comunistaa�?. Isso hoje estA? superado?

Frasson – O mundo mudou. A grande ameaA�a dos povos hoje A� o imperialismo americano com a sua polA�tica de guerras preventivas. Agora a bola da vez A� o IrA?. AlA�m da ameaA�a da guerra, qual a ameaA�a que hoje o imperialismo e o neoliberalismo colocam? A� a ameaA�a do desenvolvimento. Para o imperialismo norte-americano, que estA? em crise, nA?o interessa que um paA�s se desenvolva.

JC – Como estA? o PCdoB hoje?

Frasson a�� No retorno (do partido A� legalidade, em 1985), passamos um perA�odo atA� os anos 2000 com uma concentraA�A?o de candidaturas. LanA�A?vamos poucos nomes. Foi uma polA�tica acertada, porque saA�mos muito frA?geis da ditadura, perdemos quadros pela repressA?o. Mas demoramos muito para mudar e ampliar a presenA�a, ser mais protagonistas, com chapas majoritA?rias e chapas grandes ao Legislativo. Na eleiA�A?o de 2008 jA? fizemos isso em alguns municA�pios. E nessa temos que fazer nas chapas para deputado federal e estadual.

JC – Aumentou o nA?mero de candidaturas?

Frasson – Estamos hoje com mais de 40 nomes para estadual e 20 para federal. O objetivo A� aproveitar a lideranA�a da Manuela para ampliar a presenA�a na CA?mara e aqui na Assembleia tambA�m, a partir das lideranA�as do deputado estadual Raul Carrion e de Jussara Cony, alA�m de outras lideranA�as que temos no Estado. EntA?o, nosso objetivo A� ampliar nossa presenA�a a partir de chapas prA?prias ou numa coligaA�A?o que seria com o PSB. A gente vA? o seguinte: coligaA�A?o com grandes partidos A� desvantajosa para a gente.

JC – Em nA�vel estadual, o partido apoiou o PT por 16 anos. Isso influencia na decisA?o?

Frasson – A conjuntura polA�tica do Estado e do Brasil avanA�ou e um partido como o nosso ganha muito com isso, porque eleva o nA�vel de participaA�A?o e de consciA?ncia do povo. O caminho que percorremos atA� aqui nos permitiu ir acumulando forA�as. JA? na A?ltima eleiA�A?o, em 2006, houve a votaA�A?o da Manuela daquele tamanho. Coligamos com o PT, mas se tivA�ssemos chapa prA?pria para estadual, poderA�amos eleger dois estaduais ou no mA�nimo o suplente. O partido vai se firmando. Para avanA�ar, A� preciso construir um campo polA�tico maior do que apenas um partido. EntA?o, isso tem permitido, por exemplo, que o Lula chegue no final do mandato com 86% de aprovaA�A?o.

JC – O PCdoB estA? na base do governo Lula e tem esse histA?rico de apoiar o PT no Estado. NA?o seria natural coligar com Tarso?

Frasson – NA?o A� o natural. Seria o mesmo que perguntar se nA?o era natural em 2008 ter apoiado a candidata do PT (Maria do RosA?rio). As questA�es dependem muito do processo eleitoral. Claro que nA?o descartamos a possibilidade de compor uma alianA�a em torno do Tarso. Agora tambA�m avaliamos que o PT atA� aqui, na polA�tica recente do Estado, nA?o soube construir alianA�as mais representativas, como fez em Canoas, na A?ltima eleiA�A?o municipal. Um projeto mais avanA�ado precisa aglutinar setores. O Tarso tem feito esforA�o para superar essa prA?tica polA�tica no Estado, mas existe ainda o processo eleitoral que determinarA? se o PT vai conseguir dar essa volta por cima ou nA?o. Eu me pergunto por que o PMDB, que A� um partido da base de sustentaA�A?o do Lula e certamente indicarA? o vice, nA?o pode, aqui no Estado, dialogar com o PT em torno de um projeto para o Rio Grande do Sul. Por que nA?s temos que ser tipo Grenal?

JC – A polarizaA�A?o PT-PMDB?

Frasson – NA?o sA?, porque existem outros partidos assim. O PP A� outro que nacionalmente tem um ministA�rio importantA�ssimo, o das Cidades, e no Estado tem muita dificuldade para tratar disso. Criamos um ambiente em que as questA�es menores passaram a prevalecer sobre as grandes. O Estado foi diminuindo sua economia e perdendo espaA�o polA�tico nacional. Por isso, a candidatura do Beto A� importante. Representa esse movimento. A� um desafio que estamos tentando construir.

Perfil
Adalberto Luiz Frasson, 50 anos, A� natural de Nova AraA�A? (RS). Mudou-se na adolescA?ncia para Caxias do Sul, onde estudou no seminA?rio e cursou Filosofia na UCS, formando-se em licenciatura em 1981. Ingressou no movimento estudantil na universidade, participando depois do movimento comunitA?rio.

Simpatizante do PCdoB, trabalhou na comissA?o pela legalizaA�A?o do partido. Foi filiado ao MDB do final da dA�cada de 1970 atA� 1985, quando o PCdoB foi autorizado a retomar as atividades oficialmente. Veio a Porto Alegre, a pedido da direA�A?o estadual, para organizar o partido no Estado.

Na dA�cada de 1990, assumiu a presidA?ncia do partido em Porto Alegre e atA� 1998 passou ao comando estadual. EstA? na sexta gestA?o como presidente no Rio Grande do Sul – o atual mandato se encerra em 2011. Nesse perA�odo, optou por cumprir tarefas partidA?rias, sem jamais ter concorrido em eleiA�A�es. AlA�m de dirigente do PCdoB, Frasson cursa AdministraA�A?o PA?blica na Ufrgs.


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