Ato com mil pessoas lança Bloco de Esquerda no RS
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[19/09/2007]
Com o auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa lotado, ocorreu nesta segunda-feira (17) o ato de lançamento do Bloco de Esquerda no Rio Grande do Sul. Cerca de mil pessoas, entre lideranças e militantes dos partidos que formam o grupo (PDT, PSB, PCdoB, PRB, PMN e PHS), acompanharam os discursos dos líderes nacionais e estaduais, que exaltaram o papel estratégico do Bloco, tratado como ''reencontro histórico'' das siglas, que possuem história comum em defesa dos interesses nacionais, do desenvolvimento e democracia.
O ato, que foi coordenado pelo presidente estadual do PDT, Matheus Schmidt, contou com a presença de lideranças nacionais, como o deputado federal Ciro Gomes (PSB); o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral e o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. Os deputados dos partidos também marcaram presença. Entre eles os federais Manuela D'Ávila (PCdoB); Beto Albuquerque e Márcio França (PSB); Pompeo de Matos (PDT); e os estaduais Raul Carrion (PCdoB); Heitor Schuch e Miki Breier (PSB); e Adroaldo Loureiro, Gerson Burmann, Gilmar Sossella, Kalil Sehbe, Paulo Azeredo e Rossano Gonçalves (PDT). Também estiveram presentes o presidente estadual do PRB, Vital Dartola; o presidente do PHS no RS, Raul Plangg; e Fábio Alves, presidente estadual do PMN.
Praticamente todos os pronunciamentos destacaram as lideranças históricas do campo progressista e da esquerda – muitas delas originárias do Rio Grande – que, no passado, lutaram pelos avanços no país. Getúlio Vargas, Alberto Pasqüalini, Brizola, Luis Carlos Prestes, João Goulart, Osvaldo Aranha, Miguel Arraes e João Amazonas. Não por simples lembrança ou porque o momento no estado é de comemorações da Semana Farroupilha, mas no entendimento de que o Brasil tem a oportunidade de recuperar ''o fio da sua história'', nos marcos do governo Lula, e continuar aprofundando o caminho do desenvolvimento nacional, bandeira histórica dos socialistas, trabalhistas e comunistas.
Governo Lula: ''ponto de partida''
Para o vice-presidente do PSB, o ex-ministro Roberto Amaral, o papel do Bloco é de organizar um programa nacional, de construção do Brasil e contra o neoliberalismo. O governo Lula, na opinião do socialista, não pode ser entendido como estação de chegada, mas sim como ponto de partida para o aprofundamento das mudanças que o país precisa. ''A sociedade está consagrando o Bloco como uma frente da esperança. Uma exigência do processo histórico. Uma exigência do país. Não é apenas uma frente de partidos, é uma frente do povo'', enfatizou.
As palavras de Amaral foram endossadas pelo presidente estadual do PDT, Matheus Schmidt. ''Os nossos partidos se encontram no seu leito natural: têm história e acervo de lutas, em defesa do povo brasileiro. Este Bloco deve se transformar em uma grande frente de lutas do povo brasileiro, em favor da sua emancipação''.
Já o deputado Beto Albuquerque destacou que neste momento difícil porque passa a política é preciso ter esperança. “Na democracia há somente conquistas e estamos aqui hoje para afirmar que acreditamos na política e na democracia. A política que seja capaz de melhorar a vida das pessoas e não a política da mentira, da enganação”. Beto destacou ainda que o Bloco está reafirmando a cara da esquerda brasileira com a união de partidos históricos. “ A ética que nos move não é a do discurso e sim a dos valores, expressos nas lutas de figuras como Miguel Arraes, Leonel Brizola e João Amazonas. “Nós temos compromisso com o povo e por isso estamos juntos.”
Em sua fala, a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB), evocou a garra dos Farrapos, comemorada na Semana Farroupilha, para defender o papel que o Bloco tem neste momento da vida política nacional. “Assim como fizeram os Farroupilhas, em sua luta pelos avanços no Brasil e pelos direitos do povo, deve ser o papel do Bloco de Esquerda”. Registrou que o Bloco não é momentâneo, apenas para as eleições. Para ela, o grupo de partidos tem papel estratégico na ampliação e aprofundamento das lutas pelas mudanças no país. A tradição gaúcha também esteve presente no pronunciamento do deputado federal Pompeo de Matos (PDT). Vestido com a ''pilcha'', recitou poesia ''gaudéria'' para brindar o lançamento do Bloco no estado.
Descortinar o novo caminho
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, destacou que o Bloco é a ''expressão de uma consciência política que o país exige''. Afirmou que isso não é algo comum na política brasileira. ''É reencontro de partidos que têm tradição e história, e está destinado a ter papel importante na vida política do país''.
Rabelo destacou a importância de os partidos estarem reunidos em torno de um programa, expressado no Manifesto lançado pelo Bloco, no dia 20 de junho em Brasília. Defendeu a continuidade do novo ciclo aberto no país pelo governo Lula. ''Este ciclo tem que continuar, em um patamar superior. O desafio é descortinar este caminho'', asseverou.
O líder comunista criticou a elite brasileira que, segundo ele, ''tem idéia colonialista. Sempre se submeteu às idéias que vêm de fora. Temos que valorizar as nossas idéias, do nosso povo. A nossa realidade''. Pontuou que o desafio consiste em realizar grande mobilização nacional. Despertar e usar as forças vivas do povo, pois o país tem grande potencial, que está contido. ''Temos um grande povo. Um grande país. É preciso liberar as forças avançadas deste povo, para que a Pátria encontre a sua identidade clara''
Construir mudanças substantivas
Outra expressão de peso no cenário nacional que se pronunciou foi o deputado federal Ciro Gomes. Utilizou os adjetivos ''imaginação e coragem'', para definir as qualidades que devem unir os partidos em torno do Bloco. ''Nosso desafio é construir os substantivos para buscar resolver as angústias por que passam o nosso povo''. Fez duras críticas ao neoliberalismo – que classificou de sistema complexo e perigoso – e aos prejuízos por conta da sua implantação no Brasil e na América Latina. Ciro ainda elencou avanços obtidos com o governo Lula, e saudou a ousadia de Getúlio Vargas, a quem definiu como o ''construtor do Estado brasileiro''.
Como é um dos nomes lembrados para a disputa presidencial em 2010, o deputado procurou reafirmar a idéia de que não é momento para discutir a sucessão de Lula, e sim para de debater as políticas que o país precisa para garantir a continuidade dos avanços.
Eleições 2008
Quanto ao papel do Bloco para o pleito municipal do ano que vem, as várias manifestações deixaram claro o que já está expresso no manifesto: ''Os partidos que compõem o Bloco, resguardado suas autonomias na constituição das frentes eleitorais, darão prioridade neste momento à realização de alianças entre eles.”
O deputado estadual do PDT, Adroaldo Loureiro, disse que a aliança entre os partidos do Bloco deve ser algo a ser perseguido e constituído, em todos os locais onde isso for possível. Citou exemplo de vários municípios do estado em que o Bloco já governa em conjunto. ''São experiências vitoriosas e importantes, que devemos reforçar'', disse.
O Bloco
O Bloco de Esquerda foi oficializado dia 20 de junho, em Brasília, e é hoje a terceira maior bancada na Câmara Federal. Através de um programa comum, os partidos do bloco têm o propósito de atuação parlamentar conjunta, com prioridade para alianças políticas nas eleições municipais de 2008. O Bloco contabiliza cinco governadores, 78 deputados federais e oito senadores. Na Assembléia Legislativa do RS, o bloco totaliza dez parlamentares (sete do PDT, dois do PSB e um do PCdoB), com cinco deputados na Câmara Federal (três do PDT, um do PSB e um do PCdoB). O líder do bloco em Brasília é o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT SP). Já foi lançado em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.