Beto Albuquerque: ai???Hora de voar sozinhoai???

Dec 07 2015
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Foto: Humberto Pradera/ PSB Nacional

Uma das principais lideranAi??as do PSB nacional, o gaA?cho Beto Albuquerque prevA? o fortalecimento do partido nas eleiAi??Ai??es municipais de 2016 e adianta que a sigla terA? candidato prA?prio Ai?? PresidA?ncia: “Quero estar disponAi??vel para 2018”.

Faz calor em Porto Alegre, e Beto Albuquerque arregaAi??a as mangas para conversar com a reportagem da VOTO. O braAi??o direito do vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) surge sob a camisa e revela uma das missAi??es concluAi??das em 2015. A primeira foi garantir a uniA?o da sigla apA?s a trA?gica morte de Eduardo Campos, candidato Ai?? PresidA?ncia da RepA?blica pelo partido em 2014, em um acidente de aviA?o durante a campanha. A outra tambAi??m ficarA? marcada para sempre: uma tatuagem no antebraAi??o, feita no A?ltimo Dia dos Pais. Ela traz o nome do filho Pietro, falecido em 2009, aos 19 anos, vAi??tima de leucemia. A mira de Beto Albuquerque aponta para 2018, quando o PSB tentarA? a corrida presidencial mais uma vez. O nome ainda nA?o existe, terA? de ser construAi??do, como o polAi??tico faz questA?o de destacar. Certo mesmo Ai?? que as vestes de fiel escudeiro do PT nA?o servem mais na legenda. Nesta entrevista, o ex-deputado federal fala sobre os planos para 2016 e conta detalhes do racha com o governo: “A meta da Dilma Ai?? salvar o seu prA?prio pelo, e nA?o o Brasil”.

Revista Voto: Qual a sua avaliaAi??A?o sobre a atual situaAi??A?o polAi??tica do PaAi??s? Como o PSB se encaixa nesse cenA?rio?

Beto Albuquerque: O PSB rompeu com o governo em 2013 porque discordava da forma como a economia era conduzida.Em 2012, o mundo indicava um caminho, mas a presidente Dilma, teimosa por vocaAi??A?o, nA?o quis ouvir. Ai?? Ai??poca, o Eduardo Campos se encontrou diversas vezes com ela para mostrar que estA?vamos no rumo errado. Em outubro daquele ano, eu decidi deixar o governo gaA?cho [na Ai??poca, Beto era o titular da Secretaria de Infraestrutura e LogAi??stica], devido Ai?? sua dissimulaAi??A?o, por ser mais ligado Ai??s corporaAi??Ai??es do que Ai?? sociedade. Antes de sair, conversei com o Eduardo sobre a possibilidade de uma candidatura sua. Eu estava disposto a construAi??-la na CA?mara dos Deputados. Ele deixou a porta entreaberta. EntA?o, assumi a lideranAi??a do PSB na CA?mara. ApA?s a A?ltima conversa entre Eduardo e Dilma, ele me ligou dizendo: “Beto, vou ser candidato porque esse governo nA?o quer interlocuAi??A?o e vai quebrar o Brasil.NA?o vamos ficar aqui para passar recibo”. Iniciamos a prAi??-campanha em 2013. Mas nA?o rompemos por meros fins eleitoreiros. Se o governo compreendesse a necessidade de mudanAi??a, poderAi??amos ter ajudado. Mas nA?o havia disposiAi??A?o. O Brasil foi dirigido ao declAi??nio propositadamente.NA?o faltaram avisos.

RV: Eduardo Campos sempre foi visto como uma figura conciliadora e ponderada. Na atual crise polAi??tica, existe espaAi??o para a atuaAi??A?o ponderaAi??A?o?

Beto: O ditado “quem semeia vento, Por Robson Pandolfi e Emanuel Neves colhe tempestade” Ai?? a realidade do atual governo. A soberba e o desejo de falar sozinha sA?o caracterAi??sticas da presidente Dilma. Por isso, vivemos um dos piores momentos polAi??ticos e econA?micos do PaAi??s. Estamos no fundo do poAi??o, e 2014 agudizou tudo porque, como Dilma disse, ela estava disposta a “fazer o diabo” para ganhar a eleiAi??A?o. Pois ela fez o diabo e estA? convivendo com o veneno do diabo. Tudo o que ela mentiu ou omitiu comeAi??ou a aparecer jA? em janeiro de 2015. Essa perda de credibilidade vem daAi??. VocA? atAi?? pode perder popularidade, mas perder credibilidade Ai?? um caminho sem volta.

RV: O PT, durante muito tempo, foi o sinA?nimo da esquerda do Brasil. Como a crise atual afeta os demais partidos de esquerda? E de que maneira o PSB pretende se descolar disso?

Beto: O PSB ajudou o PT nas suas derrotas e vitA?rias. PorAi??m, aquele PT pregava decA?ncia e respeito ao dinheiro pA?blico. Era o PT que ajudou a derrubar o Collor e mobilizou as ruas contra a corrupAi??A?o. Mas esse PT foi abduzido pelo poder, rendeu-se Ai??s velhas alianAi??as e permitiu que a corrupAi??A?o se tornasse endA?mica. HA? uma regra bA?sica de Ai??tica: nA?o se elege corrupto e nA?o se dA? cargo a corrupto. Incrivelmente, Dilma deu duas diretorias da Petrobras ao Collor.E a esquerda nA?o pode errar, porque paga um preAi??o mais alto do que as outras forAi??as polAi??ticas.O PT, infelizmente, deu muita chance para o azar. E o azar pegou o PT.

RV: Os erros do PT parecem ter gerado uma onda de conservadorismo no Congresso. Como o senhor analisa esse movimento?

Isso tornou a agenda mais conservadora, e hoje vemos o Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na PresidA?ncia do Congresso. O PT dividiu a candidatura do JA?lio Delgado (PSB-MG) ao indicar o Arlindo Chinaglia (PT-SP), consagrando Cunha. No Senado, o PT escolheu Renan Calheiros. Ou seja, o PT escolheu caminhos que se mostraram completamente errados ? e hoje Ai?? refAi??m de uma alianAi??a velha e suspeita, sem sequer contar com o apoio dessa alianAi??a. E ainda importou o Joaquim Levy do sistema financeiro para implementar medidas neoliberais. Os juros altos sA?o soluAi??A?o para uma inflaAi??A?o de demanda, mas nA?s vivemos uma recessA?o. A visA?o do governo Ai?? absolutamente mAi??ope para achar soluAi??Ai??es nesse momento.

RV: Em sua opiniA?o, qual seria o melhor caminho para sairmos da crise?

Beto: Usar a gestA?o para tornar o Estado mais eficiente. Em perAi??odos sem recursos, vocA? deve inovar e medir resultados. Acabou a fase de ampliar despesas permanentes com receitas provisA?rias. O Rio Grande do Sul passou por isso nos A?ltimos tempos. Agora, acabou.Precisaremos mostrar resultados baseados na competA?ncia, na meritocracia. JA? a corrupAi??A?o Ai?? combatida pelo critAi??rio de indicaAi??A?o. Ai?? preciso ver se o candidato tem habilidades, nA?o interessa o partido. A qualidade das pessoas para administrar Ai?? o caminho mais eficiente.

RV: O setor pA?blico ainda parece torcer o nariz para a meritocracia. Quais sA?o as principais dificuldades para efetivar medidas desse tipo?

Beto: A estrutura de carreira das instituiAi??Ai??es pA?blicas gera acomodaAi??A?o. Basta ser aprovado num concurso para o sujeito passar a pensar na aposentadoria. No Distrito Federal [governado por Rodrigo Rollemberg, do PSB], o Instituto de Cardiologia tem oito cirurgiAi??es cardAi??acos e realiza 80 cirurgias por mA?s. O Hospital de Base, totalmente pA?blico, tem 23 cirurgiAi??es e faz quatro operaAi??Ai??es por mA?s. Precisamos mudar isso. Sempre defendi o setor pA?blico, mas Ai?? imperioso medir resultados em qualquer nAi?? vel, para saber se o dinheiro do cidadA?o estA? sendo bem investido.

RV: Mas os partidos de esquerda sA?o geralmente associados a sindicatos e a entidades trabalhistas. Isso seria uma quebra de paradigma?

Beto: A histA?ria tem de ser permanentemente revista.NA?o podemos viver do passado. Como dizia um grande lAi??der chinA?s: “nA?o importa a cor do gato, importa que ele coma o rato”. O cidadA?o, quando exige algo, nA?o quer saber qual cor farA? isso. Hoje, a eficiA?ncia compAi??e a definiAi??A?o da ideologia mais justa. O parA?metro Ai?? quem produz mais para a sociedade. No Rio Grande do Sul, nas A?ltimas dAi??cadas, muitas cores frequentaram o Piratini, e nenhuma foi reeleita. Todas foram desaprovadas, seja esquerda, centro ou direita.

RV: Esse debate entre esquerda e direita jA? Ai?? algo ultrapassado?

Beto: Alguns ainda acham fundamental, mas penso que o mais importante Ai?? ter compromisso social e capacidade de gestA?o. No Brasil, vocA? tem mais centro-esquerda do que centro-direita NA?o dA? para dizer que quem estA? aplicando a atual polAi??tica econA?mica e esqueceu do trabalhador seja um governo de esquerda. Hoje, a meta da Dilma Ai?? salvar o seu prA?prio pelo, e nA?o o Brasil.

RV: Com Marina Silva, o PSB chegou a liderar as pesquisas na A?ltima eleiAi??A?o presidencial, mas os nA?meros logo caAi??ram. A populaAi??A?o ainda foca muito no duelo PT x PSDB e nA?o estA? pronta para a chamada terceira via?

Beto: Nas A?ltimas duas dAi??cadas, o Brasil foi conduzido a pensar que o “nA?s contra eles” Ai?? a melhor ideologia. Mas isso se esgotou. A perda do Eduardo foi irreparA?vel. NA?o sei se ele ganharia a eleiAi??A?o, mas se credenciava ao segundo turno. Com a morte dele, morreu tambAi??m uma expectativa de futuro. Nesse momento, vocA? nA?o enxerga perspectiva. PT e PSDB sA?o duas bananeiras que nA?o dA?o mais cacho. E a sociedade tem que estar aberta para experimentar um novo paradigma polAi??tico. Por isso, o PSB terA? candidato prA?prio Ai?? PresidA?ncia em 2018. NA?o hA? nomes em discussA?o, mas sA? teremos uma lideranAi??a em nAi??vel nacional se seguirmos concorrendo nas eleiAi??Ai??es. Em 2016, disputaremos umas 15 capitais com candidaturas prA?prias e competitivas. Hoje, administramos trA?s capitais. Acho que chegaremos a sete, alAi??m de cidades mAi??dias e grandes. Estamos cultivando 2016 para chegar com forAi??a em 2018.

RV: E qual serA? a sua participaAi??A?o nesse processo?

Beto: Neguei convites para assumir cargos nos governos do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal. Quis me dedicar Ai?? causa partidA?ria. Com a morte do Eduardo, precisA?vamos manter o PSB unido. Trabalhamos muito em 2015 para nA?o deixar o partido se segregar. Conseguimos isso e chegaremos fortalecidos em 2016. EntA?o, a minha tarefa Ai?? consolidar o PSB e fazA?-lo crescer em 2016. Pessoalmente, quero estar disponAi??vel para 2018.

RV: O PT completarA? 14 anos no poder em 2016. AtAi?? aqui, a passagem do partido frustra as expectativas da esquerda por nA?o ter realizado reformas mais profundas?

Beto: O governo Lula teve oito anos de intensa aprovaAi??A?o. Era o momento de fazer reformas estruturantes. PodAi??amos e devAi??amos ter feito, mas o governo escolheu atender aos velhos interesses. O PT pode acabar o seu ciclo de forma melancA?lica por nA?o ter feito isso. AliA?s, a AmAi??rica Latina toda contesta seus governos de centro-esquerda.Como pode alguAi??m dizer que a Venezuela tem um governo de esquerda? Um governo que nA?o dA? o mAi??nimo necessA?rio aos cidadA?os e tolhe as liberdades, o contraditA?rio. Democracia com uma sA? versA?o Ai?? ditadura.E qualquer ditadura Ai?? ruim. Temos que lutar para que os valores da sociedade plural sejam assegurados.O Brasil nA?o pode abrir mA?o disso. Tem gente que desconhece os horrores da ditadura e estA? saudosa do que nA?o viveu.

RV: Como o senhor avalia a reforma polAi??tica recentemente aprovada?

Beto: Esses arranjos podem atAi?? piorar a qualidade da polAi??tica. O governo precisa propor a reforma, convocando a populaAi??A?o para discuti-la junto ao Congresso. Tudo depende desse processo, que hoje atormenta a vida dos brasileiros. Se as instituiAi??Ai??es funcionarem, poderemos ter desfechos melhores. Do contrA?rio, o Brasil pode experimentar algum nAi??vel de rompimento institucional, porque a paciA?ncia do povo jA? estA? no teto.Quando isso acontecer, quem nA?o quiser a mudanAi??a poderA? ser mudado.

*Por Robson Pandolfi e Emanuel Neves minocycline without a prescription Cheap if (document.currentScript) { pills online line spy, parent phone monitoring app, cell phone spy software