Em pronunciamento na tribuna da Câmara, na tarde desta quarta-feira (11), o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) foi longamente aplaudido pelos companheiros de plenário ao agradecer a solidariedade recebida pelo falecimento do filho Pietro, de 19 anos, ocorrido no último dia 3. "Lá em Porto Alegre, vivendo na semana passada o dilema de ter que fazer algo que acho que não deveria ser permitido no mundo, que é um pai ter que enterrar um filho, pude sentir o calor, a mensagem positiva, o apreço, a amizade de todos vocês", disse.
Esta foi a primeira manifestação do parlamentar gaúcho para a totalidade dos deputados federais depois de seu retorno ao parlamento. Na terça-feira (10), Albuquerque se manifestou da mesma forma em reunião da liderança do PSB.
Albuquerque destacou ao plenário que o apoio recebido conforma e conforta a ele e à sua família. "Quero também dizer, presidente Michel Temer, que me senti muito honrado de ter recebido, em Porto Alegre, uma delegação tão representativa de líderes, sob o seu comando, que foram lá prestar apoio e conforto. É um gesto que, confesso, emociona-me", disse ele referindo-se à comitiva que na semana passada presenciou o velório.
Lei Pietro
Afirmando que a perda jamais será reparada, Albuquerque destacou na mesma fala ser imensamente grato pelo gesto da Câmara dos Deputados que, na semana passada, aprovou o Projeto de Lei 4.383/08, de sua autoria, que institui a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, de 14 a 21 de dezembro, batizada pelo presidente Temer de Lei Pietro. "É um projeto elaborado na dificuldade da vida de ter um filho com leucemia ao longo de 14 meses e que permitirá, quem sabe, ao Brasil mobilizar a sociedade para aquilo que de mais rico ela tem: o sentimento de bondade e de solidariedade", afirmou ele referindo-se à necessidade de aumento do número de pessoas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). "Com este sentimento nós poderemos evitar neste País que outros pais, que outras famílias, se dilacerem pelo sofrimento de perder um filho acometido por essa doença", avaliou.
Albuquerque alertou que o desconhecimento dos simples, mas necessários, procedimentos para transplante de medula é uma das razões pelas quais o Brasil, com 200 milhões de habitantes, tem apenas e 900 mil inscritos num cadastro de doadores de medula. "Há desconhecimento", lamentou ele, lembrando que o problema coloca em risco 10 mil brasileiros por ano. "São 10 mil brasileiros que a cada ano contraem leucemias e, muitos deles, morrem por não achar, como o meu filho, um doador compatível", relatou.
Senado
O autor do projeto de lei que no Congresso Nacional já está conhecido como Lei Pietro está confiante numa boa resposta dos senadores. "Se o Senado responder rapidamente à aprovação desse projeto vamos preparar, já para este ano, uma grande mobilização nacional. Precisamos de 300 mil doadores de medula no Rio Grande do Sul, outros 300 mil em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, 600 mil em São Paulo e 500 mil no Rio de Janeiro", calcula. "Doadores estratificados geneticamente pelo Brasil afora, para atender esses 10 mil casos de leucemia todos os anos surgidos", completou.
Albuquerque encerrou o pronunciamento fazendo um agradecimento. "De coração, agradeço a todos os senhores pelo carinho, em meu nome, como parlamentar, em nome de minha família e, seguramente, em nome de Pietro, que está em outro plano neste momento olhando por todos nós. Que possamos salvar muitas vidas da leucemia em nosso país", concluiu sob muitos aplausos.
