PSB usa o pragmatismo como estratA�gia
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VALOR ECONOMICO
O partido A� socialista. Tem em seu programa o compromisso com a reduA�A?o
da pobreza e da desigualdade social e critica a sociedade capitalista.
Mas para crescer como tem crescido no competitivo mercado partidA?rio
brasileiro, o PSB nA?o se amarra a utopia e purismos. NA?o foi apenas
pela cor de sua ideologia que a legenda presidida pelo governador
reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, dobrou para seis o nA?mero de
Estados que irA? governar, aumentou 54%, de 22 para 34 parlamentares, em
oito anos, sua bancada na CA?mara dos Deputados, e registrou, hA? dois
anos, o segundo maior crescimento proporcional de prefeitos eleitos no
paA�s desde 2000.
A� com pragmatismo, uma boa dose de empreendedorismo e a astA?cia de se
posicionar como ponte entre a situaA�A?o, liderada pelo PT, e a oposiA�A?o,
capitaneada pelo PSDB, que o Partido Socialista Brasileiro se
transformou numa bem sucedida empresa polA�tica, capaz agora de cobrar
um aumento de sua participaA�A?o societA?ria no governo da presidente
eleita Dilma Rousseff (PT), de dois para trA?s ministA�rios.
A comparaA�A?o com a economia nA?o A� despropositada. CoincidA?ncia ou nA?o,
a sigla socialista, curiosamente, tem buscado se apoiar em pontas de
lanA�a do sistema capitalista que combate, ao menos no papel. O
recrutamento de lA�deres empresariais de grande expressA?o, mas sem
carreira polA�tica prA�via, virou especialidade da casa.
No ano passado, o PSB filiou Paulo Skaf, presidente da maior entidade
patronal do paA�s, a FederaA�A?o das IndA?strias do Estado de SA?o Paulo
(Fiesp), para concorrer a governador nesse ano. O episA?dio causou
polA?mica pelo inusitado de um alto representante do capitalismo cerrar
fileira numa legenda socialista e dizer que o “S” na sigla do partido
seria apenas uma “letrinha”.
Skaf, porA�m, nA?o A� o A?nico empresA?rio de renome a ser arregimentado
pelo PSB para disputar eleiA�A�es recentes. Outros dois presidentes de
federaA�A?o de indA?strias foram chamados para concorrer a cargos
majoritA?rios: Mauro Mendes, da Fiemt, que perdeu a disputa a governador
no Mato Grosso, e MA?rcio Lacerda, que atA� se eleger prefeito de Belo
Horizonte, hA? dois anos, era um dos homens de frente da Fiemg.
LanA�ar mA?o de empresA?rios A� apenas um dos expedientes dentro de uma
estratA�gia pragmA?tica maior. Para conquistar votos e se expandir, o PSB
apostou em figuras de apelo popular, mas sem qualquer conteA?do
ideolA?gico conhecido, como ex-jogadores de futebol. O meia Marcelinho
Carioca, em SA?o Paulo, nA?o se elegeu, mas o atacante RomA?rio marcou um
gol. Teve votos para garantir a sua vaga e ajudar o partido no Rio a
conseguir mais uma, em relaA�A?o a 2006. Foi uma “contrataA�A?o” de peso,
embora o ex-craque mal soubesse o nome do “time”, na cerimA?nia de
assinatura de sua ficha partidA?ria, em setembro do ano passado. Depois
de dizer que estava feliz por se filiar ao PSDB, RomA?rio foi corrigido
e passou a decorar em voz baixa a sigla correta: “PSB, PSB, PSB…”.
Pelo menos, deu importA?ncia A�s “letrinhas”.
Outra tA?tica: agremiaA�A�es de esquerda costumam apresentar uma maior
coesA?o de seus integrantes, mas o PSB nA?o tem se recusado a importar
polA�ticos de distintos partidos e naipes ideolA?gicos. AntA?nio Carlos
Valadares, um dos trA?s senadores do partido, reeleito por Sergipe, A� um
exemplo. Foi da Arena, legenda que sustentava o regime militar, do PFL
(atual DEM) e do PP. O governador do Rio Grande do Norte, IberA?
Ferreira, que nA?o se reelegeu, jA? foi do extinto PDS, nascido da Arena,
do PFL, do PPB (atual PP) e do PTB. O governador do PiauA�, Wilson
Martins, que renovou seu mandato, pertenceu ao PSDB por mais de dez
anos. O deputado federal e ex-governador do CearA? Ciro Gomes, um dos
maiores lA�deres do partido, e que teve sua candidatura presidencial
abortada, tem perfil de carreira semelhante: antes de chegar ao PSB, em
2003, foi da Arena, PDS, PMDB, PSDB e PPS. Em SA?o Paulo, Gabriel
Chalita, cuja votaA�A?o garantiu a vaga dele e de praticamente mais um
candidato a deputado federal, A� um ex-tucano.
O desafio que o PSB corre se pA�e diante da pergunta: como crescer sem
evitar o processo de diluiA�A?o ideolA?gica? Como nA?o se transformar num
PMDB de esquerda?
“Temos que ter limites. NA?o somos imunes a alguns fatos inusitados e
invenA�A�es de A?ltima hora. Mas ninguA�m nasce socialista. NA?o somos
dogmA?ticos e nA?o temos o discurso da pureza. O PSB A� um partido de
portas abertas”, afirma o deputado gaA?cho Beto Albuquerque, filiado na
legenda hA? 24 anos.
Nos bastidores, o discurso A� o de que um nA?cleo duro, composto por
quadros histA?ricos, com mais de 20 anos de partido, A� capaz de garantir
o crescimento com a manutenA�A?o do corpo de ideias socialistas.
EmpresA?rios como Paulo Skaf e MA?rcio Lacerda seriam “aliados
conjunturais”, sem maior interferA?ncia no cotidiano partidA?rio. E a
filiaA�A?o de polA�ticos oriundos da direita teria o cuidado de nA?o
crescer para cima de partidos da base aliada do governo. “A� uma
preocupaA�A?o estratA�gica e polA�tica”, afirma um interlocutor com longa
trajetA?ria no partido.
A justificativa nA?o deixa de ser uma explicaA�A?o honrosa para as
filiaA�A�es heterodoxas. Nas A?ltimas eleiA�A�es municipais na Bahia, por
exemplo, o PSB elegeu 17 prefeitos. TrA?s eram recA�m-egressos do DEM,
que se desmantelou com a chegada do PT ao poder no Estado, em 2006, e
com a morte de seu cacique polA�tico, o ex-governador e senador Antonio
Carlos MagalhA?es.
“PolA�tica A� evoluA�A?o, tem que ir caminhando, reciclar, mudar”,
argumenta o prefeito de MacaA?bas, AmA�lio Costa JA?nior, que conquistou o
primeiro mandato em 2004 pelo entA?o PFL e se reelegeu em 2008 pelo PSB.
AmA�lio conta que mudou de sigla por uma “questA?o local” e buscou uma
legenda nova, “simpA?tica”, que apresentava uma proposta diferente e nA?o
tinha desgaste. Procurou a deputada federal e presidente do PSB no
Estado, a senadora eleita LA�dice da Mata, e criou o partido no
municA�pio. “A questA?o ideolA?gica A� muito relativa. Lula A� de esquerda?
Eu nA?o acredito que seja”, diz o prefeito da cidade de 47 mil
habitantes. AmA�lio afirma nA?o ter sido levado pelo alinhamento
automA?tico A�s forA�as governistas. “Tivemos dois anos na oposiA�A?o, de
2006 a 2008″.
Com adesA�es desse tipo, o PSB teve o maior crescimento, de 76,7%, no
nA?mero de prefeitos eleitos, passando de 176, em 2004, para 311, em
2008. No Nordeste, a subida foi maior, de 92%. Eram 107 e passaram para
206, o que levou a um aumento na concentraA�A?o de prefeitos nordestinos
do partido. Representavam 52%, em 2000, e agora sA?o 66%. Na regiA?o, o
PSB sA? perde para o PMDB, que elegeu 338. Curiosamente, porA�m, as duas
legendas que mais evoluA�ram em termos proporcionais no Nordeste foram o
PDT, com 127% (54 para 123), e o PT, com 109% (65 para 136) – partidos
da base aliada que o PSB diz ter o cuidado de nA?o melindrar.
Crescer com cuidado, com esperteza polA�tica, mas de modo pragmA?tico,
consistente, tem sido a estratA�gia do PSB. A� uma linha que remonta e
segue a tradiA�A?o de Miguel Arraes (1916-2005), ex-presidente do partido
e avA? do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. JA? nos anos 60, num
tempo em que padrA�es ideolA?gicos mais rA�gidos norteavam a polA�tica,
Arraes punha em prA?tica alianA�as com facA�A�es da oligarquia rural
pernambucana para derrotar representantes da indA?stria canavieira. Era
a tA?tica de dividir o adversA?rio e construir uma hegemonia, juntando
setores progressistas com elementos conservadores.
A Arraes A� atribuA�da a mudanA�a de estilo e de patamar do partido. Em
sua primeira fase, o PSB era composto basicamente por intelectuais que
fundaram a legenda em 1947 tentando encontrar uma via de esquerda
democrA?tica, alternativa aos mA�todos revolucionA?rios do comunismo. Era
um partido de quadros, sem expressA?o eleitoral. Como seria em sua
retomada, depois da ditadura, a partir de 1985. Mas a volta de Arraes,
que estava no PMDB, em 1990, deu nova inflexA?o ao partido: menos
atenA�A?o A�s discussA�es e ao purismo ideolA?gico e mais A� micropolA�tica,
A�s alianA�as e, principalmente, a formas de expandir o PSB.
A disputa A� PresidA?ncia da RepA?blica, em 2002, A� um exemplo desse
impulso dado por Arraes. Boa parte do partido nA?o estava segura de que
fosse a melhor decisA?o, sobretudo tendo um neA?fito, o ex-governador do
Rio Anthony Garotinho, como o escolhido. Mas o cacique, favorA?vel ao
lanA�amento da candidatura prA?pria, abriu espaA�o para que Garotinho
discursasse e empolgasse os correligionA?rios na convenA�A?o.
Miguel Arraes seguia a velha tese de que sA? tem torcida quem joga. NA?o
foi a mesma posiA�A?o, contudo, que o partido liderado por seu neto tomou
nas eleiA�A�es deste ano. O PSB nA?o deu a mesma oportunidade para que o
deputado Ciro Gomes convencesse seus correligionA?rios, como fizera
Garotinho. Costuma-se lembrar que a outra face da mesma tese A� que time
que vive perdendo tambA�m nA?o conquista torcida. A� um argumento mais
fraco quando se sabe que o PT e o presidente Luiz InA?cio Lula da Silva
perderam trA?s disputas presidenciais atA� finalmente vencerem em 2002.
O argumento forte A� que a nA?o candidatura de Ciro Gomes atendia aos
interesses de Lula, os quais Eduardo Campos e a cA?pula do PSB
preferiram nA?o contrariar, negociando em troca o apoio a candidaturas
do partido nas eleiA�A�es a governador. Outro fator seria a disputa
interna mais ou menos velada entre os dois caciques.
Hoje, o PSB ocupa uma Pasta no governo Lula, a da CiA?ncia e Tecnologia,
e a Secretaria de Portos, que tem status de ministA�rio. O primeiro A�
indicaA�A?o de Eduardo Campos, o segundo estA? na cota de Ciro Gomes.
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