Homenagem aos 50 anos da Rádio Guaíba

Apr 30 2007
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[26/04/2007]

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, no próximo dia 30 de abril, comemoraremos o cinqüentenário de um dos mais importantes e tradicionais veículos de comunicação do Sul do Brasil e que desejo homenagear: a Rádio Guaíba A.M.

No ar desde 30/04/57, a Rádio Guaíba AM logo se destacou pela qualidade de som e de sua programação, calcada, então, no trinômio música-notícia-esporte. Com pouco mais de um ano, transformou-se na primeira rádio do nosso estado a transmitir do exterior uma Copa do Mundo – o Mundial da Suécia. Hoje, adaptada à evolução do rádio AM, dá ênfase ao jornalismo e ao esporte, caracterizando-se por sua credibilidade. Ao longo de seus 50 anos, nunca perdeu de vista sua proposição inicial – a de ser "uma voz a serviço do Rio Grande".

O Sistema Guaíba / Correio do Povo, formado pelas Rádios Guaíba AM e FM, TV Guaíba e jornal Correio do Povo é presidido pelo jornalista Jeronimo Alves Ferreira. O vice-presidente é Luiz Cláudio Costa. A Rádio Guaíba Ltda é dirigida por Alexandre Serralvo Calderon e possui 150 funcionários. A direção é assessorada por uma equipe de quatro funcionários no trabalho administrativo/financeiro: 1 coordenador, 1 responsável pelo faturamento, 1 secretária e 1 contínuo.

O Departamento de Jornalismo é formado por 88 pessoas. A gerência é do jornalista Flávio Wornicov Portela. São três editores de notícias, com sete redatores. Dois chefes de reportagem comandam onze repórteres em Porto Alegre e 20 correspondentes no Interior, além de um correspondente em Brasília. Os programas ficam a cargo de um coordenador de produção e nove produtores, além de quatro locutores e 11 apresentadores/comentaristas. Toda esta equipe tem como suporte a Central Técnica, formada por 12 profissionais, além da Discoteca, com 1 programador musical. A equipe completa-se com 3 motoristas, 2 auxiliares de serviços gerais e 1 recepcionista.

O Departamento de Esportes, que funciona integrado ao Jornalismo, é chefiado por Luiz Carlos Reche e possui 20 integrantes, entre narradores, repórteres, comentaristas e produtores. O trabalho nos estádios, basicamente, é facilitado pelo Departamento de Externas, formado por 6 operadores de externa. A Manutenção Técnica é feita por 3 profissionais, além de outros 8 que trabalham nos transmissores, localizados na Ilha da Pintada.

O Departamento Comercial é o responsável por viabilizar publicitariamente a programação da rádio e tem a gerência de João Müller, sendo composto por mais 08 profissionais: 1 coordenador, 3 contatos comerciais, 2 roteiristas e 1 secretária.

A história da rádio Guaíba está profundamente ligada à vida social, política, econômica, cultural e afetiva do Rio Grande, e de boa parte do Brasil, nos últimos 50 anos.

Durante esse tempo, os gaúchos se habituaram a senti-la como porta-voz autorizada da terra. As novas gerações surgiram e cresceram ouvindo suas músicas selecionadas, seu rádiojornal, suas jornadas esportivas, seus programas culturais e a cobertura de tudo o que de importante aconteceu.

A capacidade de despertar este sentimento coletivo de solidariedade, demonstra o quanto a Guaíba desempenhou com responsabilidade o papel que lhe coube, na área da comunicação, nesses 45 anos.

Tudo começou naquele abril de 1957, quando Juscelino Kubitscheck governava o País, Ildo Meneghetti o Estado e Leonel Brizola o Município de Porto Alegre. Os rio-grandenses lamentavam a morte, em acidente aéreo, do Secretário da Educação Liberato Salzano Vieira da Cunha, Porto Alegre recebia pela primeira vez o Caravelle, as tropas da ONU vigiavam o canal de Suez e a Argentina iniciava um regime de exceção sob a presidência do General Aramburu.

No dia 20, a Guaíba iniciou as transmissões experimentais, numa programação que começava às 18 horas e terminava à meia-noite. No dia 25, foram ao ar os primeiros noticiários, o Rádio Manchetes Folha da Tarde e o Correspondente Renner. No dia 30, à noite, no Theatro São Pedro, deu-se a inauguração oficial onde foi dito por seu primeiro Diretor, Arlindo Pasqualini, em breve discurso:

"Acerca de nossa programação normal, que deverá ter início amanhã, o que vos posso adiantar em poucas palavras é que ela não terá o luxo das grandes montagens. Mas, mesmo que singela, jamais cairá na vulgaridade."

Naquele mesmo abril de 1957, teve início a equipe esportiva da Guaíba, levando ao ar o programa Rádio Manchetes Folha da Tarde Esportiva. Em maio, foi transmitido o Torneio Início, vencido pelo Internacional.

Ainda em 1957, a emissora noticiou o lançamento do primeiro satélite artificial, feito pelos soviéticos, o Sputinik, transmitindo os sinais por ele emitidos. Em janeiro de 1958 anunciou o lançamento do Explorer, primeiro satélite artificial americano, abrindo uma série de coberturas sobre a corrida espacial, que culminaram com a transmissão da chegada do homem à Lua em 1969. Em 1958, a Guaíba noticiou a morte de Pio XII, a eleição e posse de João XXIII, fazendo o mesmo com Paulo VI, em 1963, e com João Paulo II, em 1978.

Ainda em 1958, a jornada esportiva deu um salto de qualidade quando, Jorge Alberto Mendes Ribeiro, Flávio Alcaraz Gomes e Francisco Antônio Caldas cobriram, através da Guaíba, a VI Copa do Mundo, na Suécia, transmitindo com exclusividade, para o Sul do Brasil, a conquista do primeiro título mundial do futebol brasileiro. Iniciava a emissora uma carreira que lhe daria mais tarde o merecido título de Rádio das Copas.

Cobrindo as eleições de 1958, a Guaíba, sob o comando de Amir Domingues, anunciou em tempo recorde o resultado do pleito, transmitindo a vitória de Leonel Brizola sobre Peracchi Barcellos, para o Governo do Estado, e a de Guido Mondin sobre Carlos de Brito Velho, para o Senado. Em 48 horas, os eleitores tiveram conhecimento do resultado, enquanto o Tribunal Regional Eleitoral somente anunciou o nome dos eleitos 22 dias depois.

Em 1960, a Guaíba compareceu ao Planalto Central para fazer a cobertura da inauguração de Brasília, ao lado de poucas e grandes emissoras nacionais. Naquele mesmo ano, acompanhou e transmitiu o pleito presidencial de 3 de outubro, vencido por Jânio Quadros, antecipando para todo o Brasil o resultado da votação. Em 1961, transformou-se numa poderosa arma de comunicação no episódio da Legalidade.

No cumprimento da nobre missão de informar, deu notícias de todos os fatos relevantes da segunda metade do século XX e início do século XXI. Pelas suas ondas, o Rio Grande e o Brasil puderam acompanhar a revolta estudantil francesa de 1968, apoiada desde a Sorbone por Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir e contida pelo Presidente Charles De Gaulle. No Brasil, a renúncia do Presidente Jânio Quadros; a posse tumultuada de João Goulart; a experiência parlamentarista; o plebiscito e a volta ao presidencialismo; a instalação do Governo Militar em 1964.

Nos 21 anos que se seguiram, permaneceu fiel à liberdade de expressão, assistiu à luta – e a testemunhou – pelo desenvolvimento econômico, singrando a difícil travessia da repressão, da linha dura, das guerrilhas, até chegar aos caminhos da distensão e da abertura política. Nunca curvou-se!

No plano dos debates e da informação cultural, a Guaíba soube destacar, nestes 50 anos, questões relacionadas ao crescimento urbano e rural, às crises da economia, às desigualdades sociais, ao desafio da saúde pública, às transformações sociais provocadas pelas mulheres, à estabilização da economia através do Plano Real e a muitos outros aspectos de nossa complexa realidade social.

É inevitável fazer essa retrospectiva histórica para demonstrar o quanto a Rádio Guaíba esteve associada aos interesses da comunidade gaúcha e brasileira, desde o dia de sua fundação. Aquela diretriz traçada por Pasqualini, virtuosamente praticada, deu-lhe a credibilidade que a tornou uma das instituições mais inseridas na maneira de ser dos gaúchos e do Rio Grande.

São princípios que a tornaram uma emissora popular, que sabe interagir com as massas sem jamais baixar o nível da programação, sem perseguir a audiência fácil em detrimento do conhecimento e da ética.

Quero homenagear aqueles que escreveram e escrevem este destacado capítulo da história do rádio brasileiro.

Hoje há uma rede de milhões de guaibeiros do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso do Sul, de Rondônia e de todas as áreas do Brasil e dos países vizinhos. Seus ouvintes, que hoje se encontram em todos os cantos do mundo, através da Internet – rede mundial de computadores.

A Rádio Guaíba AM tornou-se uma fonte permanente de companheirismo, informação e conhecimento para os gaúchos e brasileiros.

Mudou muito a sociedade nestes 50 anos. E nesta mudança o rádio foi fundamental. Com um raio de abrangência maior do que o da televisão, com receptores miniaturizados, hoje o rádio está em toda a parte: nas lavouras, nas construções, nas cozinhas, nos gabinetes, nos salões, nos automóveis, no bolso do trabalhador, sustentando um espaço de cultura e informação capaz de irmanar a todos, criando na comunidade um sentimento coletivo de solidariedade. A Rádio Guaíba AM soube perceber o significado desta quase onipresença, desempenhando com responsabilidade o papel que lhe coube na área da comunicação.

Nada mais justo, portanto, que se registre nessa Casa, esta homenagem ao Cinqüentenário da Rádio Guaíba, que com toda a certeza faço em nome do povo gaúcho.

Beto Albuquerque
Deputado Federal – PSB/RS