Homenagem os 52 anos de emancipação do município de Marau

Feb 28 2007
(0) Comments

[28/02/2007]
Pronunciamento alusivo aos 52 anos do Município de Marau, realizado na sessão desta tarde no plenário da Câmara dos Deputados.

O Sr. Beto Albuquerque (PSB/RS) pronuncia o seguinte discurso. Senhor Presidente, senhoras e senhores deputados. Venho à tribuna para homenagear os 52 anos de emancipação do município de Marau, que aniversaria neste 28 de fevereiro. Portanto, senhor presidente, o município está em festa e organizou uma semana comemorativa. Ontem, inclusive, houve a solenidade de inauguração do Centro de Referência da Criança e do Adolescente, uma obra de 400 metros quadrados construída com recursos de emenda parlamentar que destinei para Marau em 2005. Foram empregados 200 mil reais, com contrapartida da prefeitura, e adquiridos cinquenta computadores. Dessa forma o centro abriga dois módulos para inclusão digital e um módulo para jogos e recreação. Fico feliz, senhor presidente, de poder contribuir na destinação de recursos federais para este importante município que sempre me apoiou decisivamente em pleitos eleitorais. De 2003 até 2006 tive a oportunidade de destinar mais de 600 mil reais em emendas para o município, das quais foram beneficiados entidades como o Hospital Cristo Redentor, a Associação Beneficente São Francisco, além da construção de casas populares e aquisição de patrulha agrícola. Em nome do prefeito Vilmar Perin Zanchin; do vice Rui Carlos Gouvea e do Presidente do Legislativo, Vereador Dilceu Luiz Rizzotto, quero cumprimentar a todos os cidadãos marauenses e agradecer pelo convite e palavras de apoio que recebi durante a inauguração do Centro de Referência da Criança e do Adolescente.

Também gostaria, senhor presidente, de deixar um registro nos anais desta Casa da história de Marau. O município deve seu nome à trágica história de um cacique bravio, de nome Marau, que, conforme a historiografia, percorria as vastas selvas da Serra Geral em busca de alimento frente a um bando de índios Coroados. Estas excursões nem sempre foram pacíficas e há registros de saques à lavouras e mortandade de brancos. Também não eram de paz aqueles tempos em que os gaúchos – tropeiros e soldados da fronteira – e os estancieiros mobilizavam-se em torno dos ideais farroupilhas, mantendo a República Rio-Grandense. Além disso, o perigo representado pela presença de índios na região era um empecilho à vinda de mão-de-obra européia em imigração patrocinada pelo Império e já bem sucedida no caso dos alemães.

Nesse contexto, o extermínio do bando chefiado pelo temido cacique Marau era inevitável. Por volta de 1840, acusados de trucidar dois moradores da aldeia Passo Fundo das Missões, os índios foram perseguidos por uma escolta que atravessou o rio Capingüi e, às margens de um arroio, depois chamado de Mortandade, travaram a primeira batalha. Ainda no encalço dos índios fugitivos, a expedição prosseguiu em direção ao sudeste, exterminando o bando às margens de um rio maior. Esse batismo de sangue nomeou-o de rio Marau e com o mesmo nome também passou a ser chamada a região adjacente, povoada por caboclos.

Marau foi, durante muito tempo, apenas território para tropeio de gado. Depois, a Coroa distribuiu sesmarias para que os tropeiros e os militares se estabelecessem em estâncias. A vinda de alguns imigrantes das mais diversas pátrias fez surgir os primeiros núcleos populacionais, um denominado de Tope e o outro, de Marau. Este recebeu as primeiras famílias de imigrantes italianos por volta de 1904 e mais tarde tornou-se a sede do 5º Distrito de Passo Fundo, criado em 1916.

A vila e a zona rural desenvolveram-se com o trabalho árduo dos colonizadores, descendentes dos imigrantes italianos oriundos das regiões do Vêneto, Lombardia e Trentino, mas foi fundamental o estímulo dos freis capuchinhos, assistentes espirituais dos marauenses a partir de 1934.

Até a década de 60, a agricultura de Marau manteve um caráter de subsistência, mas a criação de suínos já se transformara em atividade comercial desde a década de 20, fomentada pelo frigorífico Borella e Cia Ltda., que, através de seus produtos, tornou a vila conhecida no mercado nacional.

Na década de 70, a instalação de agências bancárias, o cooperativismo agrícola e a mecanização da lavoura alteraram radicalmente o perfil da produção marauense, voltando-a maciçamente para a monocultura,. Entretanto, a crise no setor, verificada na década de 80, provocou não somente um grande êxodo rural, mas uma nova mudança na atividade. Hoje, beneficiada pelo terraceamento do solo, a agricultura volta-se para a diversificação de produtos e na pecuária ganham relevo a produção de leite e a avicultura, atendendo à demanda das indústrias de alimentos instaladas em Marau e na região. Ao todo, a agropecuária reúne mais de 1.700 estabelecimentos e ocupa o segundo lugar em valor adicionado no município.

Nas duas últimas décadas, o parque industrial de Marau ganhou um impulso extraordinário, especialmente nos setores de alimentos, couros, metal-mecânico e equipamentos para avicultura e suinocultura, onde nos setores acima destacam-se as empresas:Grupo Perdigão,Fuga Couros, Metasa e Agromarau. Atualmente, Marau se destaca como pólo industrial no cenário estadual, nacional e internacional, com cerca de 200 empresas, entre elas, 12 empresas de grande porte, totalizando mais de 6.500 empregos. Os demais empregos são oferecidos por cerca de 860 estabelecimentos comerciais e mais de 1.300 estabelecimentos do setor de prestação de serviços.

O desenvolvimento econômico modificou a demografia de Marau: de 25.348 habitantes registrados em 1996, o município passou a 30.193 habitantes em 2003. A urbanização também se evidencia neste período: a cidade passou de 17.120 moradores para 24.964.

Marau tem a característica mais marcante de seu desenvolvimento, que é a diversidade em todas as áreas, oriunda da vocação empreendedora de seu povo. Marau preserva em seu nome o passado indígena do Brasil e a memória das batalhas humanas pela ocupação de espaços, batalhas muitas vezes cruéis e quase sempre condenadas ao esquecimento. Muito obrigado.

Deputado Beto Albuerque (PSB/RS)