Senhor Presidente, senhoras e senhores parlamentares do Mercosul, venho à tribuna para repudiar as críticas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial à produção de biocombustíveis, relacionando esta produção como causa da fome no mundo. Portanto, quero me associar a proposta de declaração encaminhada pelo Senador ALOIZIO MERCADANTE.
O curioso neste intenso debate sobre a penúria alimentar do mundo, e da condenação em geral dos biocombustíveis é da coincidência do surgimento deste debate com a retirada dos holofotes da imprensa mundial sobre a crise econômica norte-americana. E a coincidência, também, deste debate com a proximidade da retomada das negociações da Rodada de Desenvolvimento de Doha, ainda neste ano, sobre o corte das tarifas e subsídios agrícolas. Com certeza as próximas semanas serão críticas para a Organização Mundial do Comércio e o meu temor é que o discurso alarmista da escassez de alimentos sejam usados para justificar a manutenção de tais subsídios agrícolas, notadamente pela União Européia e dos Estados Unidos.
Acredito que a preocupação em torno dos biocombustíveis não se aplica ao Brasil e ao Mercosul, mas à Europa e aos Estados Unidos, país este que produz álcool de milho de forma ineficiente.
Nossos países produzem muitos alimentos e tenho certeza querem condições para continuar produzindo cada vez mais, e espero que os países ricos nos auxiliem para criar condições de mercado para investirmos em tecnologia para aumentarmos a produtividade de nossas terras e maior qualidade da nossa pecuária.
Queremos incentivar, também, nossos agricultores e ao agronegócio a investirem no setor de alimentos processados, semiprocessados e alimentos industrializados. O crescimento da produtividade pode ser um indutor das agroindústrias, criando uma cadeia de valor adicionado ao agronegócio e até à agricultura familiar dos nossos países.
Ainda precisamos de condições para corrigirmos as suas deficiências logísticas de estradas, ferrovias, portos e armazenagem para contribuirmos para superara as preocupações do FMI e Banco Mundial, para acabar com a fome no mundo e ainda produzir bionergia. Este é o nosso desafio que nós, parlamentares do MERCOSUL, não podemos nos omitir.
